Pentecostes é a festa da vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos. Dom de Deus a todos os que seguem Jesus Cristo, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer uma humanidade nova. Neste dia, o dom do Espírito Santo, que ressuscitou Jesus dentre os mortos, foi comunicado aos discípulos no mesmo dia da Ressurreição (cf. Jo 20,19) e, de forma pública, solene vibrante, cinquenta dias depois da Páscoa.

A narração do evangelho nos faz pensar no dia em que Deus criou a humanidade: “Soprou sobre eles dizendo-lhe: Recebei o Espírito Santo”. Enquanto estavam reunidos com Maria no cenáculo, irrompeu sobre ele o Espírito Santo e o “pequeno rebanho” tornou-se a Igreja, isto é, o corpo de Cristo. Por isso Pentecostes é o nascimento da Igreja. Toda vez que a comunidade se prepara para ouvir a Palavra e comungar do corpo e sangue de Cristo, ela nasce e renasce continuamente. Nascemos para a vida no Espírito e renascemos para a salvação em Deus. Deste modo, procuramos falar a linguagem do Espírito para o mundo de hoje para suscitar uma vida segundo o Espírito, onde todos se compreendam numa mesma linguagem e se reconheçam irmãos. Reunida pelo Espírito de Jesus, a comunidade torna-se a manifestação de Deus, proclamando suas maravilhas (I leitura), levando o projeto de Deus a todos os povos. Na comunidade cristã cada pessoa é um dom do Espírito para formar a comum-unidade (cf. 2ª leitura). Ninguém possui plenamente o Espírito e ninguém está privado dele. Na união de todos é que se forma o corpo de Cristo, o templo do Espírito Santo.

Mesmo com medo, a comunidade de Jesus está reunida. Jesus aparece no meio deles e tudo se transforma. Neste instante a comunidade cristã, reunida ao redor de Jesus ressuscitado, torna-se modelo para todos: uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É somente através do dom do Espírito que os seguidores de Jesus conseguem superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas consequências.

O encontro com o Ressuscitado é fundamental para o discípulo de Jesus. É o Ressuscitado que nos coloca em contato com a terceira pessoa da Santíssima Trindade, o Espírito Santo. A paz é dom que recebemos ao acolher o Espírito do Pai e do Filho. Quando vemos as suas chagas, sinais do seu amor, somos inundados pela paz e alegria: “Os discípulos ficaram cheios de alegria por ser verem o Senhor”. Deste encontro nasce o envio, a missão: “Como o Pai me enviou, eu também os envio”.

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O dom do Espírito Santo foi um elemento fundamental na experiência missionária dos primeiros cristãos. Com o retorno de Jesus ao Pai, os apóstolos assumiram uma tarefa descomunal: levar a mensagem do Evangelho a todo o mundo. A missão exigiria deles inculturar a mensagem, fazendo o Evangelho ser entendido por pessoas das mais variadas culturas e línguas. Deveriam ser capazes de enfrentar dificuldades, perseguições e, até mesmo a morte, por causa do nome de Jesus. Eles só tinham uma certeza: o Ressuscitado estava com eles na força do Espírito Santo. Fortalecidos pelo Espírito, eles não se intimidaram, antes, cumpriram, com coragem, o ministério da evangelização.

É o Espírito Santo que renova, todos os dias, a vida da Igreja. O Espírito, ontem como hoje, não permite que os cristãos cruzem os braços diante do mundo a ser evangelizado.

Respirai em mim, ó Espírito Santo, para que seja santo o meu pensar. Impeli-me, ó Espírito Santo, para que seja santo o meu agir. Atraí-me, ó Espírito Santo, para que eu ame o que é santo. Fortalecei-me, ó Espírito Santo, para que eu proteja o que é santo. Protegei-me, ó Espírito Santo, para que eu jamais perca o que é santo. Amém. (Santo Agostinho).

 

Dom João Carlos Seneme. css

Bispo de Toledo