O tempo da paralisação – Toledo vive um tempo curioso, quase bíblico: o da paralisação.
Tudo se anuncia, tudo se promete — e tudo parece permanecer parado. Assim tem sido com os voos da Azul. Suspensos em dezembro de 2023, com promessa de retorno em quatro meses, já se vão quase dois anos sem que o ronco de um ATR-72 volte a cortar o céu do Aeroporto Luiz Dalcanale Filho.
O discurso oficial continua o mesmo, ensaiado e diplomático: “remanejamento de rotas”.
Mas, por trás dessa explicação protocolar, há a frustração silenciosa de uma cidade que investiu pesado em sua estrutura aeroportuária — e, ainda assim, parece esquecida no mapa aéreo do país.
Enquanto Cascavel decola, Toledo segue apenas observando da janela, com a pista pronta, o terminal reformado e a esperança em modo de espera.
Investimentos no chão, voos no papel
Milhões aplicados e uma pista sem passageiros
Atualmente, Toledo não ficou de braços cruzados. Foram mais de R$ 13 milhões aplicados na reforma e modernização do aeroporto — um salto técnico que, segundo os gestores atuais, deixará o espaço “100% renovado”. Pátios duplos, terminal ampliado, nova estação meteorológica e pista recapeada.
Mas o que adianta a melhor infraestrutura sem voos? A cidade hoje chega ao ponto de ter aeroporto padrão ANAC, mas sem embarques. Quem sabe, até as conclusões das reformas que, poderão ultrapassar dos R$ 19 milhões, tenhamos uma boa notícia. A pergunta que ecoa é inevitável: “Investimos é para decolar?”
As idas e vindas da Azul
Quando o embarque depende mais da política do que da demanda
A história da Azul em Toledo é marcada por idas e vindas. Saiu em 2020 alegando crise. Voltou em 2021 com promessas de retomada. Suspendeu de novo em 2023, dessa vez para “readequar rotas”.
Nos bastidores, o que se ouvia é mais direto: a falta de investimento local, estrutura deficiente e ausência de diálogo técnico com a empresa. Um ex-diretor da Azul chegou a dizer que o problema nunca foi passageiro ou lucro — e sim a gestão e a estrutura inexistente.
O curioso é que Toledo tinha uma das melhores taxas de ocupação do país, com apenas 3% de cancelamentos. Mesmo assim, ficou de fora da malha.
🧭 A ausência de rumo público
Quem busca novas companhias para Toledo?
O que se questiona agora é: há movimento real dos agentes públicos em busca de novas companhias? Ou o tema “voos comerciais” só volta à pauta em ano eleitoral?
Enquanto alguns gestores correm atrás de recursos e projetos, outros, segundo relatos, “preferem foto em placa a reunião de bastidor com empresa aérea”.
O Aeroporto Luiz Dalcanale Filho pode se tornar o mais moderno sem função do Oeste, se não houver uma política de atração firme e estratégica. Toledo tem perfil e público para operar voos regulares, mas parece carecer de vontade política e comercial para fazê-los decolar.
Azul em turbulência
Recuperação judicial e incertezas sobre o futuro da malha regional
No dia 23 de outubro de 2025, a Azul anunciou ao mercado seu plano de negócios dentro do processo de Chapter 11, a recuperação judicial norte-americana. O objetivo: reduzir dívidas, renegociar contratos e tentar sair “mais leve” financeiramente.
A companhia promete “emergir mais saudável”, com menos passivos e foco em rotas rentáveis. Em outras palavras: as pequenas cidades — como Toledo — estão fora do radar por tempo indeterminado.
No ranking das aéreas brasileiras, a Azul ainda é a terceira força, atrás de Latam e Gol, mas luta para não perder mais espaço. O risco é claro: quanto mais ela encolhe, mais distante fica a possibilidade de um voo Azul voltar a pousar em Toledo.
Toledo quer voar, mas falta comando no cockpit
Entre o sonho de reconexão e o silêncio das companhias
Toledo já foi considerada uma das praças mais promissoras para aviação regional. Hoje, vive a contradição de ter uma das pistas mais modernas do interior, mas sem nenhum avião comercial em solo.
O governo estadual já está apoiando, mas a cidade precisa apresentar gestão técnica e articulação política, além de o estrutural e isso não se faz com discursos, mas com estratégia.
Enquanto o aeroporto é reformado, o tempo passa. E o passageiro toledano continua no terminal da espera.
Gente e Poder – A arte de “se inspirar demais”
No mundo da comunicação, inspiração é saudável. Mas tem quem confunda referência com xerox. De uns tempos pra cá, um certo “broguista” (hic) resolveu copiar tudo — do formato à entonação — de um jornalista, inclusive o quadro final em que os entrevistados dão notas a políticos. Aliás, parece que serviu o chapeu dele nele, como se fosse o único que está cometendo esse crime. Que arrogância!
O detalhe curioso é que o original se baseava em talento e reputação; o imitador, em carência de ambos. E assim, entre uma “nota” e outra, fica a sensação de que o chapéu do velho “Bolinha” ainda cabe melhor em quem tem cabeça — e não só microfone. Quanto aos números? Bah, é só pagar…ou, não permitir.





