Dilceu Sperafico*

Se a produção de alimentos saudáveis e a melhoria da paisagem urbana são preocupações de autoridades, ambientalistas e população do País e do mundo, as hortas comunitárias parecem ser a solução ideal para essas demandas.

Trata-se do aproveitamento de lotes baldios de pequenas, médias e grandes cidades, com a limpeza de ervas daninhas e depósitos clandestinos de lixo, através do cultivo de hortifrutigranjeiros, pelos próprios moradores interessados e habilitados para a tarefa.

Não por acaso, portanto, as hortas comunitárias estão se se espalhando por todo o Brasil, desde que as primeiras unidades surgiram em cidades como Birigui, no Noroeste do Estado de São Paulo, na década de 1980, como alternativa barata e eficiente para ocupação de espaços urbanos abandonados.

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Com o sucesso da iniciativa, pois trouxe vantagens para os proprietários, incluindo apostadores na especulação imobiliária, vizinhos e cultivadores das áreas ociosas, as hortas comunitárias se tornaram excelente projeto de ocupação urbana, que está mudando para melhor a paisagem de cidades brasileiras.

Assim, terrenos baldios, antes tomados pelo matagal, insetos nocivos e lixo urbano e que nos períodos de chuvas mais intensas se transformavam em problema de saúde pública, estão ganhando verdadeira utilidade comunitária, em cidades de todo o País.

Nessas áreas, muitas vezes bem próximas de residências de cultivadores e consumidores, são produzidos alimentos frescos e orgânicos,

como couve, alface, cebolinha, milho, abóbora, melancia e mandioca, entre outros, plantados, acompanhados e colhidos em conjunto, pela própria comunidade.

Como a maioria dos lotes estão em áreas planas e tem solo fértil, muitas vezes a produção é tão grande e diversificada, que sobram alimentos dos cultivadores e clientes, para serem doados a moradores de rua e/ou pessoas carentes.

Muitos desses terrenos são cultivados por aposentados, pessoas oriundas da área rural e interessados na produção de alimentos, tendo como grandes resultados a fartura de hortaliças e frutas e a melhoria da paisagem e da saúde da população urbana.

Prova do sucesso da iniciativa é que as hortas comunitárias, espalhadas por toda a comunidade e com muitos benefícios para moradores próximos ou não, através do cultivo dos terrenos, estão ajudando até mesmo no controle de insetos nocivos, como moscas, baratas e mosquitos da dengue.

Assim como em Birigui e muitas outras cidades, as primeiras hortas comunitárias surgiram na década de 1980 como alternativa para a ocupação de espaços abandonados, muitos dos quais acumulando lixo e desvalorizando os imóveis próximos, pois representavam riscos para a população vizinha.

Conforme idealizadores do projeto, as primeiras hortas foram plantadas estrategicamente em locais com muito matagal e grande sujeira, pois estavam abandonados há muito tempo, através de solução simples e eficiente para problema que parecia insolúvel, contando com o apoio de  moradores, que ao longos das últimas décadas passaram a ajudar no cultivo e manutenção desses espaços.

Tudo funciona muito bem, pois no caso de terrenos particulares o cultivo e a própria ocupação do solo são autorizados formalmente pelos proprietários, beneficiados com a valorização de seus imóveis, enquanto em espaços públicos as prefeituras também permitem a implantação das hortas, apoiando e orientando os cultivadores.

*O autor é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil

do Governo do Estado

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br