Estamos cada vez mais perto do Natal, e o Tempo do Advento orienta o nosso coração e a nossa oração para um horizonte de alegria, através das palavras proféticas de Sofonias e dos convites festivos do apóstolo Paulo: “Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos! O Senhor está próximo” (Fl 4,4.5).
Seria bom poder nos sintonizar imediatamente com esses imperativos, aderindo espontaneamente ao seu convite. No entanto, sabemos bem como o tema da felicidade se choca com inúmeras resistências internas, mesmo quando é a mesma voz de Deus que nos diz que podemos aprender a aproveitar melhor a vida. A vida nem sempre flui em harmonia com o calendário litúrgico e às vezes não parece possível nem apropriado escolher a alegria como trilha sonora do que nos acontece. Embora estejamos dispostos a acreditar que o Senhor quer nos renovar “com o seu amor” (Sf 3,17), embora tenhamos experimentado a sua fidelidade “em todas as circunstâncias” (Fl 4,6) do nosso caminho, às vezes descobrimos que estamos simplesmente assim: sem nenhum sorriso para exibir ou improvisar.
Como nos comportarmos, então, diante de uma Palavra que parece querer nos ordenar que sejamos felizes e irradiemos alegria? Tal como a multidão reunida em torno de João, também nós poderíamos começar a nos perguntar: “Que devemos fazer?” (Lc 3,10), para depois ouvir sua resposta detalhada, cheia de indicações e revelações. A todos, João Batista disse: “Quem tem duas túnicas dê uma ao que não tem, e quem tem o que comer faça o mesmo” (3,11); aos “publicanos”, porém: “Não exijam nada além do que lhes foi estabelecido” (3,13); para “alguns soldados”: “Não tomeis à força dinheiro de ninguém, nem façais falsas acusações” (Lc 3,14).
João Batista anuncia que para esperar o Senhor basta partilhar o que temos e não exigir mais do que nos é concedido. Se concordarmos em reencontrar a nossa vigilância sobre estas atenções “simples”, tão familiares e tão concretas, talvez possamos redescobrir os caminhos de uma vida nova, onde o mistério da nossa força humana possa se unircom a força do amor de Deus.
Jesus inaugura um novo modo de ser profeta: ele não é um juiz com um machado na mão, que vem fazer justiça a um mundo perverso. Quem tem fé em Deus sempre é desafiado a ir “além”. Crer significa dar crédito a Deus que se manifesta além das expectativas humanas. Neste sentido o discurso sobre a espera se torna mais comprometido. A paciência cristã não é sinônimo de resignação diante dos acontecimentos, mas é uma etapa árdua que implica em ir além dos nossos estreitos horizontes. A paciência é a capacidade de entender que alguns acontecimentos críticos de nossa vida têm o poder de nos conduzir em outras direções, muitas vezes escondidas a nossa imaginação, mas não à sabedoria de Deus que tudo reconduz ao seu designo de amor.
Neste final de semana, 14 e 15 de dezembro, acontece a Coleta para a Evangelização 2024,como gesto concreto da Campanha da Evangelização que destaca que a evangelização é um gesto de partilha, participação e comunhão.
Com o tema “Jesus, nossa esperança, habita entre nós. É nossa missão anunciá-Lo”, a Campanha para a Evangelização 2024 sustenta as obras de evangelização da Igreja no Brasil. Somos Igreja, somos corresponsáveis no anúncio do evangelho de Jesus Cristo a todas as pessoas.
Dom João Carlos Seneme, css
Bispo de Toledo