Por Marcos Antonio Santos
O Dia Mundial de Luta contra a AIDS é comemorado anualmente em 1º de dezembro, neste domingo. Essa data foi estabelecida em 1988 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de conscientizar a população sobre a AIDS, promover a troca de informações e combater o preconceito enfrentado por pessoas vivendo com HIV.
A AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é causada pelo vírus HIV, que ataca o sistema imunológico, tornando o organismo mais vulnerável a infecções e doenças. A transmissão ocorre principalmente por meio de relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de seringas contaminadas e da mãe para o filho durante a gestação, parto ou amamentação. Embora ainda não haja cura, tratamentos antirretrovirais eficazes permitem que pessoas vivendo com HIV tenham uma qualidade de vida significativamente melhor.
CTA/SAE
A farmacêutica Juliana Percio, do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) e do Serviço de Assistência Especializada em HIV/Aids (SAE), do Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná (Ciscopar), confirma os novos casos em 2024 na Regional de Saúde de Toledo. “Atualmente, temos na nossa Regional em torno de 70 novos casos até outubro, sendo 28 deles em Toledo, por ser o maior município e onde ocorre o maior número de casos novos na população jovem. Então, avaliando esses dados, percebemos que a população entre 20 e 35 anos é onde há o maior número de diagnósticos”.
HIV/AIDS
Juliana comenta sobre o Dia Mundial de Luta contra a AIDS, em 1º de dezembro: “O que podemos destacar para as pessoas que vivem com HIV é que essa é muito mais uma doença estigmatizante e marcada pelo preconceito, devido à falta de informação da população, do que uma condição que necessariamente traz graves problemas de saúde, considerando os tratamentos disponíveis hoje. Esses tratamentos conseguem manter uma boa qualidade de vida para os pacientes. São tratamentos com poucos efeitos colaterais, de forma que o paciente chega a níveis tão baixos do vírus no organismo que ele não o transmite mais via sexual. É importante que a população, em geral, e as pessoas que vivem com HIV compreendam esses conceitos. Sabendo que, ao seguir o tratamento corretamente, elas não irão transmitir o vírus e poderão ter uma vida praticamente normal, tanto socialmente quanto em suas atividades pessoais. Claro, com os cuidados de saúde e os acompanhamentos necessários. É fundamental esclarecer que, atualmente, quem vive com HIV consegue ter uma vida normal”.
PREVENÇÃO
Para Juliana, ainda é mais importante enfatizar as formas de prevenção: “A prevenção continua sendo a forma mais efetiva para evitar a infecção pelo HIV. Hoje temos diferentes formas de prevenção além do preservativo, que é o método mais conhecido, mas nem sempre o mais utilizado. É importante destacar que há outras formas de prevenção disponíveis gratuitamente pelo SUS, como a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) e a PEP (Profilaxia Pós-Exposição de Risco à Infecção pelo HIV, ISTs e Hepatites Virais). Portanto, existem diferentes estratégias, e é essencial reforçar que o cuidado é pessoal. O autocuidado envolve escolhas conscientes quanto aos riscos em suas relações. É possível buscar informações, por exemplo, no nosso CTA/SAE e conhecer essas formas de prevenção”.
TRATAMENTOS
Conforme Juliana, os tratamentos atuais vêm melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes. “Os tratamentos atuais melhoram a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV. São tratamentos com poucos ou praticamente nenhum efeito colateral em comparação ao que existia antigamente, quando as pessoas passavam mal e tomavam muitos comprimidos. Hoje, chamar o tratamento de ‘coquetel’ também é uma forma preconceituosa e estigmatizante de se referir ao HIV. Precisamos, inclusive, trabalhar a forma como falamos sobre o tema. O tratamento hoje é conhecido como TARV (Terapia Antirretroviral). Com poucos efeitos colaterais, as pessoas que seguem o tratamento corretamente, em cerca de seis meses, atingem níveis indetectáveis do vírus no organismo e não o transmitem mais em suas relações. Além disso, é importante esclarecer que uma pessoa que vive com HIV não tem, necessariamente, AIDS. HIV e AIDS são condições diferentes. Quando tratamos o HIV, mantemos o vírus controlado no organismo, evitando que ele evolua para o estágio de AIDS”, explica Juliana Percio.