Por Marcos Antonio Santos
Nos últimos dias, os consumidores de Toledo têm sentido no bolso o aumento no preço das carnes bovina, suína e de frango. Diversos fatores estão contribuindo para essa alta, variando desde condições climáticas até a pressão do mercado externo.
Os preços da carne bovina devem continuar altos até o fim do ano. Em setembro, os preços subiram 2,97%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em outubro, esse aumento foi de 5,25%.
A professora do curso de Economia da Unioeste/campus Toledo e coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento Regional (NDR), Crislaine Colla, avalia que o aumento de 5,25% no preço da carne terá impacto no custo total da cesta básica de outubro.
“Qualquer aumento que a gente tenha implicará em um impacto no preço total. No mês de outubro, esse aumento de 5,25% no preço da carne teve impacto no custo total da cesta. Depois de um período em que tivemos uma redução no custo da carne, agora está aumentando. E como a carne é o principal produto que compõe a cesta básica, seja ela individual ou familiar, em torno de 40% do valor gasto na cesta básica é na carne”, afirma.
Motivos do aumento – “Temos algumas razões e motivações para isso. A questão climática, uma forte estiagem e as queimadas reduziram um pouco a oferta de animais. Outro fator que temos observado também é a alta do dólar, que faz com que os animais sejam mais destinados à exportação do que ao mercado interno. Com isso, há uma elevação no preço para o mercado interno, pois os produtores preferem vender para o mercado externo em função do valor do dólar. São várias as razões para o aumento da carne bovina nesses últimos meses”, ressalta Crislaine Colla.
Boi – Para a carne bovina, a menor disponibilidade de animais para abate, influenciada por secas prolongadas em regiões produtoras, tem limitado a oferta no mercado interno. Além disso, a alta demanda internacional, especialmente da China, tem levado a um aumento nas exportações, reduzindo ainda mais a quantidade disponível para os consumidores brasileiros.
Suíno – No caso da carne suína, o aumento das exportações, somado à demanda aquecida no mercado interno, tem impulsionado os preços. Outro fator relevante é a elevação nos custos de produção, especialmente com o aumento no preço dos insumos e da ração para os animais.
Frango – Para a carne de frango, a situação é semelhante. Com o encarecimento da carne bovina, muitos consumidores têm optado pelo frango como alternativa mais barata, aumentando a demanda e, consequentemente, os preços. As exportações de carne de frango também estão em alta, o que reduz a oferta no mercado doméstico e contribui para essa pressão de preços.
Esses fatores, combinados, resultam em um cenário de preços elevados para as principais proteínas consumidas no Brasil, impactando diretamente o orçamento das famílias.
Recorde – Segundo o IBGE, no 2º trimestre de 2024 houve um recorde no abate de bovinos, sendo 17,5% superior ao abate registrado no 2º trimestre de 2023. O principal vetor de crescimento do abate para este ano é o descarte de fêmeas. A estimativa da Conab para 2024 aponta uma produção recorde de 10,2 milhões de toneladas, um crescimento de 7,4% em relação ao ano anterior.
Para o ano de 2025, os dados da Conab apontam que a produção total de carne bovina deve sofrer uma redução de 4,3%, principalmente devido à diminuição no descarte de fêmeas. O rebanho deve alcançar 225,9 milhões de cabeças, uma queda de 1,8% em relação a 2024.
No que se refere às exportações, segundo dados da Secex, de janeiro a setembro foram exportadas 1,8 milhão de toneladas de carne bovina in natura, um crescimento de 29,7% em comparação com o mesmo período do ano passado.
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