Por Marcos Antonio Santos
As reuniões dos Alcoólicos Anônimos (AA) em Toledo são encontros voltados para apoiar pessoas que desejam superar o alcoolismo. Seguindo a estrutura de reuniões confidenciais, esses encontros oferecem um espaço seguro para que os participantes compartilhem suas experiências, dificuldades e vitórias no caminho da recuperação. Baseado no programa de 12 passos, o AA promove a união e o suporte mútuo, encorajando a sobriedade um dia de cada vez. As reuniões são abertas a todos que enfrentam problemas com o álcool e estão em busca de um ambiente acolhedor e sem julgamentos para buscar ajuda.
ACADÊMICAS – Na noite dessa segunda-feira, 14, o Grupo Novo Caminho, do Jardim Coopagro, teve uma noite especial com a participação de cinco acadêmicas de Psicologia da Unipar – campus de Toledo. Elas, que estão no segundo ano do curso (4º semestre), souberam das reuniões do AA por meio de uma reportagem da Gazeta de Toledo. “A gente viu uma reportagem na Gazeta de Toledo e mandou uma mensagem para saber como funcionam as reuniões do AA, e fomos convidadas. Eu achei uma iniciativa muito boa e é um grupo em que todo mundo se ajuda. Também tem a questão do sigilo, o que é muito bom”, avalia Jamile Rodrigues Smaniotto.
Para Cláudia Mariano dos Santos, foi emocionante ouvir os depoimentos das pessoas. “A gente realmente não imagina como é, apenas ouvindo de fora. Participar é uma coisa totalmente diferente. É uma sensação única estar aqui, fazer parte e ter essa porta aberta para nós”.
Samela Maely de Oliveira Abreu comentou que elas têm uma matéria sobre terapias de grupo, que envolve tanto grupos de autoajuda, como os Alcoólicos Anônimos, quanto outros tipos de grupos terapêuticos. Ela destaca o aprendizado ao acompanhar uma reunião do AA: “Uma coisa que ficou muito evidente para nós é a coesão do grupo. O grupo se autoajuda, e a questão do anonimato é muito clara. Eles apenas se expõem se tiverem vontade, e o que você ouve aqui fica aqui. Isso é uma confiança que os membros têm entre si, o que me deixou muito feliz, porque vimos isso acontecendo na prática”.
Segundo Jennifer Natieli dos Santos, muitos jovens começam a beber por diversão e acreditam que podem parar quando quiserem. “Acredito que começa assim, e também há essa sensação de controle, de que a pessoa pode parar quando quiser. Mas, quando se dá conta, está sem saída. Acredito no apoio familiar, como o que vemos aqui no AA. Percebe-se que é uma família, e as pessoas de fora que falam para o alcoólatra buscar ajuda podem fazê-los mudar de ideia. Na cabeça deles, acham que podem parar quando quiserem, mas quem vê de fora percebe que é importante ter alguém que os entenda e os aconselhe a procurar ajuda”.

Gabriela Lemos Lopes conta que já enfrentou um caso de alcoolismo na família e que, como futura psicóloga, poderá ajudar muitas pessoas a se livrarem do vício do álcool. “Meu sogro teve um problema muito sério com o alcoolismo, e nós procuramos ajuda, mas depende muito mais da pessoa do que da gente. Ele faleceu por consequências do álcool. Meu sogro teve todo o apoio familiar e médico, mas, no fim, se recusou a continuar. Pretendo ajudar o máximo de pessoas que eu puder. Já conhecia um pouco do trabalho, mas estar aqui é diferente. Me surpreendeu como um grupo de autoajuda funciona, e acredito que isso é importante porque a pessoa se sente mais confortável sabendo que está falando com alguém que entende. Por exemplo, como um psicólogo que nunca passou por isso vai dar um conselho? É importante ter essa experiência. Talvez o AA seja até melhor que um psicólogo nesse sentido para algumas pessoas. Certamente irei direcionar algumas pessoas para o AA”.
DEPOIMENTOS – Nas reuniões do AA, cada participante tem 10 minutos para contar sua história e relatar o bem que o AA fez em sua vida e na de sua família. Na reunião dessa segunda-feira, no Grupo Novo Caminho, havia 12 membros do AA: 11 homens e uma mulher. Maria contou que parou de beber e entrou para o AA em 2022, após 13 anos de alcoolismo. “Em 7 de dezembro de 2008 foi a primeira vez que bebi, e já tive apagões, de não lembrar como fui parar em certos lugares. Foram 13 anos bebendo. Se alguém tivesse me convidado para uma reunião do AA antes, talvez eu tivesse parado antes”. São histórias de superação, de retomada do amor e do respeito da família e dos amigos.
MOTIVAÇÃO – Isaías, que ingressou nos Alcoólicos Anônimos em 2017, orgulha-se de dizer que está há mais de sete anos sem ingerir bebida alcoólica. Ele agradece à Gazeta de Toledo, que já há muito tempo oferece esse apoio ao grupo: “Estamos aqui porque a Gazeta nos ajuda com a divulgação, que é gratuita, e isso nos deixa muito felizes. Isso é mais um motivo para continuarmos esse trabalho. Somos todos irmãos aqui, um ajudando o outro. E, sem essa ajuda, não tem jeito. A pessoa está sofrendo, precisando de ajuda. Nós entendemos, sabemos o que é isso, nós vivemos isso e podemos ajudar. É importante que acadêmicas de Psicologia participem, tenham essa experiência do nosso trabalho e, quem sabe, levem isso para a sala de aula. Temos até doutores e doutoras em Psicologia que passaram por aqui. Essas meninas, no futuro, podem ser nosso ponto de apoio na divulgação dos Alcoólicos Anônimos, porque elas podem aparecer na TV, podem estar em qualquer lugar”, afirma Isaías.

REUNIÕES – Os grupos de Alcoólicos Anônimos em Toledo são: Grupo Ascese, com reuniões nas terças e sextas-feiras, às 20h, e aos domingos, às 19h, na Rua Madri, 75. Grupo Jardim, com reuniões nas quintas-feiras, às 20h, na Avenida J.J. Muraro, 1860. Grupo Novo Caminho, com encontros todas as segundas-feiras, às 20h, na Rua Nayoro, 56, Jardim Coopagro. Grupo Panorama, com encontros todas as quartas-feiras, às 19h30, na Rua Ministro Petrônio Portela, 90. E o Grupo Vila Operária, na Associação Comunitária, às terças-feiras, às 20h. As reuniões também são abertas para profissionais que trabalham com alcoólatras, advogados que atuam em divórcios por conta do alcoolismo, religiosos que auxiliam pessoas com esse vício, entre outros. Sem cobrança de taxas ou mensalidades, para participar das reuniões é preciso apenas ter o desejo de parar de beber. Mais informações sobre o programa e as reuniões pelo telefone (45) 9-9925-0037.