Por Marcos Antonio Santos
Em Toledo de cada dez entrevistas, 9,5 acabam concordando com a doação de órgãos
A Hoesp (Hospital Bom Jesus) de Toledo, realizou na noite dessa segunda-feira, 17, a captação de vários órgãos para doação. Coração, fígado, rins e córneas foram captados do paciente de 34 anos de idade, que teve morte cerebral confirmada. Após a coleta que terminou por volta das 22h, os órgãos foram transportados pelo SAMU com apoio da Guarda Municipais até o aeroporto de Toledo, onde a aeronave de Curitiba fez a logística.
O outro doador é um paciente de 66 anos, da 20ª Regional de Saúde, que sofreu um acidente vascular encefálico e doou fígado, rins e córneas.
O coordenador da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) do Bom Jesus, Itamar Weiwanko, disse que mais uma vez o hospital é destaque no cenário do Paraná em relação as tratativas das doações de órgãos. “ Dois pacientes em três dias fizeram a doação de 10 órgãos. O Bom Jesus é responsável por tirar 10 pacientes da fila de espera da Central Estadual de Transplante. São 10 órgãos encaminhados ao sistema estadual. Temos 3.833 pessoas que esperam por um órgão de forma desesperada. Essa fila não para de aumentar gradativamente. Precisamos orientar a população da importância que é a doação de órgãos. Falar sim no momento oportuno para vida”, afirma.
FILA DE ESPERA – Ao todo, hoje, são 3.833 pessoas no Paraná aguardando por uma doação de órgão. O transplante renal é o que tem a maior fila. O rim tem um total de 1842 (ativo) 290 (semiativo) pacientes na fila de espera; córneas, 1211 (ativo) 172 (semiativo); fígado, 169 (ativo) 81 (semiativo); rim pâncreas, 15 (ativo); pâncreas 1 (ativo), 1 (semiativo); pulmão, 8 (ativo), 3 (semiativo); coração, 35 pacientes (ativo) 6 (semiativo). “O coração tem um tempo de 4 horas para ser transplantado e começar a bater no peito de uma outra pessoa, em qualquer lugar do Brasil; o fígado são 12 horas de espera; os rins são 18 horas; as córneas podem ficar em conservação por até 15 dias; os ossos podem ser congelados por até cinco anos”, explica.
De acordo Itamar Weiwanko, em 2024, o Bom Jesus realizou 19 protocolos identificados com morte encefálica, desses, 18 famílias concordaram com o gesto da doação órgãos, “possibilitando a vida a centenas de pessoas”.
MORTE ENCEFÁLICA – O protocolo é uma diretriz brasileira que o hospital precisa respeitar. “Temos a obrigatoriedade de diagnosticar a doença que o paciente tem, seja um câncer, HIV, tuberculose, enfarte. E também de diagnosticar o paciente com morte cerebral. A morte encefálica é diagnosticada por uma equipe multiprofissional dentro do protocolo instituído no Brasil. Oportuniza a família de salvar outras vidas. Temos a responsabilidade de executar os exames, fazer o diagnóstico e deixar a família decidir pela doação ou não dos órgãos. Não é qualquer pessoa que pode doar órgão, somente quem tem o diagnóstico concluído de morte encefálica, que é quando o cérebro morre, mas o coração, por exemplo, ainda bate e os outros órgãos continuam funcionando por um tempo”, esclarece Itamar.
No Brasil, cerca de 50% das pessoas que podem doar órgãos e tem a morte encefálica não tem o seu diagnóstico finalizado. Desses 50%, perto de 30% não conseguem concluir o protocolo por algum motivo de falha no sistema. O Bom Jesus, por meio de profissionais capacitados, de uma equipe acolhedora e de forma ética consegue concluir todos os protocolos. O Paraná tem cerca de 400 hospitais, mas apenas 27 tem uma Cihdott.
Weiwanko disse que o Brasil tem uma média de 30% de aceitação das famílias em fazer a doação, o Estado do Paraná de cada 10 pessoas, 7 acabam falando sim, “no Hospital Bom Jesus de cada dez entrevistas, 9,5 acabam concordando com a doação de órgãos”.
ÓRGÃOS E TECIDOS – Tecidos são as córneas, ossos, coração, que pode ser transplantado de forma total para bater, ou pode ser usado os tecidos, que são as valvas cardíacas. Ossos sendo um tecido pode ajudar até 40 pessoas com o transplante ósseo, os ossos mais longos são os transplantados. Se a pessoa teve uma fratura e perdeu parte fêmur em um acidente, o médico fará um enxerto ósseo. As células ósseas se encontram e faz a fusão do osso. O osso é vivo e tem circulação, mas quando morre, ele necrosa e não tem mais vitalidade, enfim, isso é tecido. Órgãos são fígado, rim, o próprio coração.
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