O município de Cerro Azul, no Vale do Ribeira, principal produtor de tangerinas do Brasil, comemorou no sábado (8) o Dia do Citricultor, com a 56ª edição da Festa Nacional da Ponkan. O evento que se encerrou nesse domingo (9) foi realizado pela prefeitura, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná).
“O Governo do Paraná está comprometido com a atividade exercida aqui em Cerro Azul por entender que ela é muito importante”, disse o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Natalino Avance de Souza. Segundo ele, entre os próximos programas que estão em estudo para auxiliar o trabalho está o que envolve a irrigação, possibilitando uma produção mais eficiente. “É um programa que auxiliará o meio rural a ser menos árido”, salientou.
O presidente do IDR-Paraná, Richard Golba, destacou a parceria, que propiciou que a festa chegasse aos 56 anos. “Valorizamos a união das forças, e a comunidade unida encontrou seu caminho”, reforçou. “Cerro Azul tem grandes desafios, sobretudo de relevo, mas encontrou um caminho nos citros que está dando certo”, disse.
O Paraná é o quarto maior produtor de tangerinas. Os dados do Valor Bruto de Produção (VBP) de 2022 apontaram colheita de 135,2 mil toneladas em 6,9 mil hectares. Principal produtor no País, Cerro Azul contribuiu com 77,6 mil toneladas colhidas em pomares que ocuparam 3,9 mil hectares. O VBP das tangerinas no município é de R$ 80,4 milhões.
“Cerro Azul representa 10% da produção total de tangerinas”, comemorou o secretário municipal de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente, Bruno Lovato. “O município é extremamente relevante no cenário estadual e nacional”.
O engenheiro agrônomo Paulo Andrade, analista de fruticultura no Departamento de Economia Rural (Deral), da Seab, foi um dos jurados na análise da qualidade das frutas em evento realizado na manhã deste sábado durante a festa. “Observamos que a qualidade do produto tem melhorado”, ponderou. “O citricultor tem se esforçado e está conseguindo ofertar ao mercado as frutas com bom padrão de qualidade, de casca e de sabor”. O concurso foi disputado por 150 expositores.
O município, que é considerado de forma oficial a Capital Nacional da Ponkan, está pleiteando no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) o registro de Indicação Geográfica da Ponkan de Cerro Azul. O pedido foi protocolado em novembro do ano passado.
CLONES – O IDR-Paraná apresentou variedades de tangerinas desenvolvidas no Polo de Pesquisa de Cerro Azul com objetivo de aumentar o ciclo de produção. Segundo o técnico do Instituto Joel Breine, normalmente a safra tem seu auge entre maio e julho. Com os clones ela pode se estender até setembro, possibilitando maior ganho aos produtores, além de ter início precoce.
O projeto de pesquisa iniciou em 2019. Várias mudas já foram distribuídas a produtores, que está com os experimentos a campo. “Vamos estender a outros para que iniciem o plantio para ver como será o desenvolvimento precoce, de meia estação e tardio”, afirmou Breine. “Com isso podemos estender a safra dando mais condições aos produtores e colocando o produto no mercado por mais tempo”.
O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Natalino de Souza, também destacou esse trabalho. Segundo ele, as ponkans de Cerro Azul chegam tudo de uma vez na Ceasa e depois torna-se mais escassa. “Com essa pesquisa buscamos escalonar a entrega dos produtos para o comércio, ao mesmo tempo em que se possibilita renda por mais tempo para os produtores”, disse. “Esse é o futuro”.
SABONETE – Entre as novidades deste ano, a artesã Meri Raab apresentou o sabonete feito a partir da essência da tangerina ponkan. Ela desenvolveu o produto durante um ano. “Agora estamos fazendo brincando”, disse.
Para Meri, o mais importante é que a cidade está se tornando mais conhecida a partir do sabonete. Ela esteve recentemente em Cafelândia no Oeste do Estado, em encontro de mulheres. “Muitas vieram procurar informações e eu falei que era feito em Cerro Azul”, comemora. “Minha cidade tem lucro com isso”.
CEASA – As Centrais de Abastecimento do Paraná – Ceasa/PR comercializaram em 2023 aproximadamente 40,5 mil toneladas de tangerinas, com movimentação de R$ 129,5 milhões. Elas são provenientes principalmente de pomares do Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul.
De acordo com dados do Organismo das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), em 2022 a produção mundial de tangerinas alcançou 44,2 milhões de toneladas, ocupando área de 3,3 milhões de hectares distribuídos em 68 países. A China lidera, respondendo por cerca de 61,5% da produção.
O Brasil ocupa a quinta posição, tendo colhido naquele ano 1,1 milhão de toneladas em 56,4 mil hectares. Os cultivos estão distribuídos em 21 unidades da Federação, com predominância no Estado de São Paulo.
Fonte: AEN
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