A situação dos andarilhos, mendigos e cachorros em Toledo é um reflexo de um problema maior e mais complexo, que exige ações decisivas e coordenadas. No entanto, vejo que os gestores de Toledo, o Ministério Público e os órgãos de Segurança Pública estão “prevaricando, protelando e lavando as mãos” diante de tão grave situação.
Vejamos:
Falta de ação eficaz e coordenada
As medidas adotadas pelas autoridades até agora têm sido meramente paliativas e ineficazes, demonstrando uma falta de compromisso com a resolução do problema. A burocracia imposta para lidar com situações como a última, do jornalista atacado, dos estupros, das mortes ocorridas e das constantes ameaças e roubos, são exemplos claros de protelação e falta de vontade, não só política, para enfrentar o problema de frente.
Desrespeito às próprias Leis e ao Código de Postura Municipal
Código de Postura do Município de Toledo (Lei Nº 2.369)
Art. 84 – É proibido, nas vias e logradouros públicos urbanos:
II – Conduzir animais bravos, sem a necessária precaução
Código Municipal de Proteção aos Animais (Lei Nº 2.320)
Art. 9º − É livre a circulação de animais em logradouros públicos ou de livre acesso ao público, excetuadas as áreas em que essa prática for expressamente proibida, a juízo da autoridade competente.
Parágrafo único − Para circulação em logradouros públicos ou de livre acesso ao público, o tutor deve assegurar que o animal use coleira de contenção e guia, adequadas ao seu tamanho e porte, e estar em dia com as vacinas e vermífugos recomendados por médico veterinário.
Reuniões sem resultados concretos
Reuniões entre a sociedade civil e autoridades de segurança pública, como a realizada nesta quinta-feira (06), no auditório da ACIT, não resultaram em soluções concretas, apenas aumentando a frustração e revolta dos moradores e comerciantes de Toledo. As promessas feitas nas maiorias das reuniões não são cumpridas, deixando a impressão de que as autoridades estão apenas “lavando as mãos”.
Desprezo pelas necessidades da população
A atitude de alguns gestores, que tratam os moradores de rua como sendo “intocáveis”, reflete uma falta de empatia e compreensão das causas profundas do problema. As declarações simplistas que culpam os moradores de rua por sua situação demonstram uma ausência de políticas públicas eficazes e integradas.
Falta de transparência e comunicação
A comunicação entre os diversos órgãos envolvidos na questão, como a Guarda Municipal, a Secretaria do Meio Ambiente e a Secretaria de Segurança e Mobilidade Urbana, é deficiente e descoordenada.
A falta de informações claras e acessíveis para a população sobre as ações tomadas para resolver o problema contribui para a sensação de abandono e negligência.
Inação diante de emergências
Episódios de violência e perigo, são tratados com negligência e burocracia excessiva, sem uma resposta rápida e eficaz. A orientação para registrar um Boletim de Ocorrência, em vez de tomar medidas imediatas de segurança, é um exemplo claro de protelação.
Insuficiência de programas de reabilitação e apoio
A falta de programas abrangentes de reabilitação, capacitação profissional e apoio psicológico para moradores de rua demonstra uma falha grave na política social do Município. A ausência de parcerias efetivas com ONGs e empresas para oferecer oportunidades reais de reintegração social e laboral é um indicativo de inação e falta de compromisso. Aliás, alguém já ouviu ou viu alguma ação concreta da Secretaria de Assistência Social de Toledo fora do basicão?
São pontos que vivo argumentando comigo mesmo, pois os gestores de Toledo, o Ministério Público e os órgãos de Segurança Pública estão falhando em suas responsabilidades, prevaricando, protelando e lavando as mãos diante de uma situação que exige urgência e ação concreta.
“Não me calarei, não aceito, não aceitarei perder o título de sermos a cidade com a melhor ‘qualidade de vida’, por terra de ‘baderneiros'”.
Entre o suor e a baderna
Em Toledo, a vida sempre pulsa com o vigor dos cidadãos e empresários que, dia após dia, levantam cedo, enfrentam desafios, produzem, trabalham, cuidam de suas famílias, pagam impostos e geram empregos. É uma rotina marcada por esforço, compromisso e uma vontade incessante de construir um futuro melhor. No entanto, esse cenário de dedicação e labuta é constantemente ameaçado por uma realidade perturbadora: a crescente presença de delinquentes de rua que transformam a convivência urbana em um jogo de tensão e desrespeito.
No coração dessa cidade ou nos bairros, comerciantes abrem suas lojas e empreendedores lançam seus negócios com a esperança de contribuir para a economia local e proporcionar sustento a muitas famílias. Eles são os pilares que sustentam a sociedade, criando oportunidades e fomentando o progresso. Contudo, suas iniciativas frequentemente esbarram em uma contrapartida sombria: a atuação dos baderneiros que infestam as ruas, trazendo consigo um rastro de desordem e insegurança.
A Praça Willy Barth, um espaço que sempre foi um oásis de convivência pacífica (menos com as andorinhas), tornou-se um palco de conflitos constantes. Os empreendedores, que investiram tempo e recursos para transformar a área em um ponto de encontro e lazer, agora se veem reféns do medo. Os delinquentes, indiferentes às normas de civilidade, fazem da praça seu campo de batalha, desrespeitando tudo e todos ao seu redor (domingo dia 02, tinha até desfile de lingeries). O resultado é um cenário de degradação que afasta clientes, famílias, desanima investidores e destrói o tecido social que muitos tanto se esforçaram para tecer.
A falta de respeito não é apenas um incômodo, mas uma ameaça direta ao modo de vida daqueles que se esforçam para manter a cidade em movimento. Os comerciantes relatam casos de vandalismo, furtos e intimidações que minam suas forças e comprometem suas operações. Enquanto tentam manter a cabeça erguida e seguir adiante, sentem-se desamparados pelas autoridades, que parecem mais preocupadas em preencher formalidades do que em oferecer soluções reais e eficazes.
Os cidadãos toledanos, por sua vez, sentem na pele o impacto dessa convivência forçada com a baderna. Pais temem levar seus filhos aos parques, trabalhadores evitam certos trajetos, e o medo passa a ser um companheiro constante. A sensação de impotência cresce, alimentada pela aparente inércia dos gestores públicos, que assistem de camarote ao desenrolar dessa triste novela.
Entretanto, a raiz desse problema vai além do confronto direto entre trabalhadores e delinquentes. É um reflexo de uma sociedade que falhou em oferecer alternativas dignas e eficientes para aqueles que se encontram à margem. A ausência de políticas públicas eficazes de reintegração social, capacitação profissional e apoio psicológico cria um terreno fértil para o surgimento de comportamentos desviantes. Assim, enquanto os trabalhadores clamam por segurança e respeito, os delinquentes de rua personificam o resultado de uma rede de apoio que nunca se materializou em Toledo.
Na correria do dia a dia, é fácil culpar o outro e esquecer que, por trás de cada indivíduo, há uma história, um contexto, um conjunto de circunstâncias que moldam comportamentos. No entanto, isso não diminui a urgência de medidas que protejam aqueles que fazem a cidade prosperar. É imperativo que as autoridades saiam da inércia e enfrentem o problema com seriedade, implementando ações que garantam a segurança e o respeito mútuo.
Para Toledo, o desafio é monumental, mas a solução reside na busca por equilíbrio e justiça. É necessário valorizar e proteger aqueles que, com seu suor, constroem a cidade, sem deixar de lado a necessidade de resgatar e oferecer dignidade àqueles que perderam o rumo e sobrecarregam e culpam a “sociedade”. Somente assim, com esforço conjunto e políticas eficazes, será possível transformar o cenário de conflito em um ambiente de convivência harmoniosa e produtiva.
E assim, entre o suor e a baderna, a esperança é que um dia, Toledo possa se orgulhar de ser uma cidade onde o respeito e a dignidade sempre prevaleceu, onde cada cidadão, independentemente de sua condição, tenha seu valor reconhecido e sua segurança garantida. Afinal, uma cidade é feita de pessoas, e é para elas que todo esforço deve ser direcionado.