O sol nasce em Toledo, e com ele a rotina da cidade parece acordar em um ritmo frenético, onde cada esquina pode esconder uma nova surpresa, e cada jornada pode trazer uma nova dor de cabeça. Foi numa manhã de sexta-feira, 24 de maio, que os cidadãos de Toledo abriram os olhos para a realidade mordaz estampada no Diário Oficial do Município: 40 novas autuações de infração e multas caíam sobre os ombros dos contribuintes.
Entre todas as injustiças do cotidiano, quem diria que a grama alta no quintal poderia se tornar uma questão de sobrevivência financeira? E não falo aqui de uma multa qualquer. Falo de um cidadão em específico que recebeu um golpe devastador, no valor de R$ 1.557.468,00. Quem poderia prever que a negligência na manutenção de um terreno poderia custar mais que um apartamento de luxo?
Essa nova onda de multas soma um total avassalador de R$ 3.949.665,00, distribuídos entre 271 contribuintes. Um número que não apenas reflete a eficácia da fiscalização, mas uma fome insaciável do Município por arrecadação. Toledo, a cidade que parecia ser um refúgio tranquilo no interior do Paraná, revela-se uma máquina implacável de moer recursos de seus habitantes.
A ironia ganha contornos grotescos quando se observa a própria prefeitura falhando em manter seus espaços limpos. A sede do Centro Epidemiológico de Toledo, por exemplo, foi alvo de denúncias na semana passada devido ao matagal que tomou conta de suas imediações. O cenário de abandono era digno de multa, se é que a prefeitura pudesse se autuar. Fotografias recebidas e divulgadas mostram a vegetação indomável, lar de mosquitos e outros bichos, a poucos metros de onde se deveria zelar pela saúde pública.
No entanto, num passe de mágica, a mesma sede apareceu impecável nesta sexta-feira, 24 de maio, como se quisesse esfregar na cara da população que sim, podem fazer, mas não serão punidos. A pergunta permanece no ar: dois pesos, duas medidas?
E enquanto os olhos da população se voltam para o capim alto e as multas injustas, a prefeitura vai além. Infrações de trânsito surgem aos montes, empilhando páginas e mais páginas de notificações. São mais de 3 mil multas em uma única publicação. A senhora Franciele Aparecida G. D. que o diga, com suas 5 URTs que ultrapassam R$ 500,00, penalizada por leis que criminalizam até os empresários do ramo PET.
A fome por dinheiro da prefeitura é insaciável, imensurável. Os cofres de Toledo engordam à medida que a paciência de seus habitantes emagrece. Quem poderá se salvar desta voracidade? Será que no fim, restará algum cidadão sem dívida, ou todos estarão presos na teia fiscal, onde cada centavo é sugado pelo insaciável apetite do poder municipal?
Toledo, outrora pacata, transforma-se num campo de batalha onde os cidadãos lutam contra a própria prefeitura. A voracidade do dinheiro corrói as relações, mancha a confiança e deixa perguntas ecoando no coração de cada contribuinte: Até onde isso vai? E mais importante, quem será o próximo a cair nas garras dessa fome insaciável?