Esta agenda para essa quarta-feira, 15 de maio, uma audiência pública que vai agitar as águas do ramo pet. Empresários e profissionais do setor veterinário se reunirão na Câmara Municipal para discutir as propostas de mudança na legislação que regula o Código Municipal de Proteção aos Animais. Por trás dessa movimentação, um sentimento comum de revolta que ecoa entre os participantes: a sensação de serem tratados como “criminosos” em vez de empreendedores que contribuem para a cidade.
Karla Benitez, médica veterinária e proprietária de um pet shop em Toledo, não esconde sua indignação. Para ela, a Lei Municipal 2.320/20 trouxe não só burocracias excessivas, mas também restrições que levaram ao fechamento de várias empresas do ramo. “Estamos sendo tratados como criminosos pelos fiscais da prefeitura, que chegam sem entender nossas rotinas e acusam sem permitir que expliquemos os cuidados específicos que cada animal requer”, desabafa Karla.
A legislação, aprovada em 2020, abrange desde lojas de animais até criadores, proibindo a criação e venda de animais dentro do perímetro urbano. Contudo, a realidade parece mais complexa do que a simples aplicação da lei. Durante um evento na cidade, Karla observou a comercialização de filhotes em condições questionáveis, sem que a lei fosse aplicada. Surge então a pergunta: a lei é seletiva ou só funciona para alguns?
Essa dúvida é partilhada pelo Douglas Wosch, médico veterinário com anos de experiência no setor. Ele aponta para a necessidade de uma visão estratégica na regulamentação do comércio de animais. Em cidades maiores, a comercialização de pets em locais adequados é uma realidade há décadas, garantindo o bem-estar dos animais e a qualidade dos serviços prestados. Para Toledo, Wosch propõe uma evolução nesse sentido, evitando o mercado ilegal de criadores e beneficiando os comerciantes sérios.
O debate em torno da proteção animal e do comércio de animais de estimação é complexo e exigirá um equilíbrio delicado entre legislação, ética empresarial e bem-estar animal. Enquanto isso, empresários do ramo pet continuarão na luta por um ambiente que reconheça sua importância para a cidade sem criminalizá-los injustamente.