Num cenário onde a política muitas vezes se mistura com interesses e egos, a cerimônia de lançamento da pedra fundamental da duplicação da Egydio Munaretto, em Toledo, revelou não apenas a grandiosidade da obra, mas também as sutis nuances de uma harmonia questionável.
A importância da duplicação não é contestada: é um marco crucial para a produção e desenvolvimento da região. No entanto, no calor dos discursos e das pedras fundamentais, emergem questionamentos legítimos sobre a verdadeira natureza da harmonia proclamada.
A harmonia, como destacada pelo prefeito, é algo mais do que uma mera palavra em um discurso político. Deveria ser um reflexo genuíno de reconhecimento e colaboração. No entanto, os detalhes omitidos e as figuras negligenciadas na narrativa revelam uma desconexão entre a retórica e a realidade.
A ausência de menção aos esforços pregressos, como os de José Carlos Schiavinatto (in memoriam), ou o reconhecimento dos ex-prefeitos que pavimentaram o caminho literal e burocrático para uma das obras paralela a duplicação, levanta dúvidas sobre a transparência e a honestidade da narrativa política.
A falta de igualdade na distribuição de créditos, como no caso dos empresários que financiaram projetos (Coniberto Niedermayer, Pedro Pereira de Oliveira e Guilherme Gozzi), contrasta com a ênfase dada a determinados atores políticos. A harmonia verdadeira não seletiva seria aquela que reconhece todas as mãos que contribuíram para o sucesso da empreitada.
Além disso, a discrepância na abordagem entre aliados e oposição durante o evento expõe as fragilidades da política local, moldada pelos atuais gestores. A verdadeira harmonia não deveria ser um privilégio exclusivo de alguns, mas sim uma prática inclusiva que valoriza todas as vozes, independentemente de afiliação partidária.
Assim, a cerimônia de inauguração da duplicação da Egydio Munaretto, embora celebrada como um marco de progresso, também destaca a necessidade de uma reflexão mais profunda sobre a essência da harmonia na política local apregoada mentirosamente, pois, sempre afirmei em minha coluna que água e óleo, nunca se misturam. Pois, afinal, a verdadeira harmonia não se constrói sobre o palco das aparências, mas sim nas bases sólidas do reconhecimento mútuo e da colaboração genuína, o que não existiu em momento algum dos discursos.