Por Marcos Antonio Santos
Até quando! Até quando as mulheres serão assassinadas e desrespeitadas por alguns homens. Foi com esse objetivo a realização na noite da última sexta-feira, 22, do ato público Gabrielle, Presente! Os participantes no encontro, em maioria mulheres, levaram faixas, balões brancos e de cor lilás e se vestiram de preto. Também foram colocadas no gramado próximo a quadra de esportes, cruzes com alguns dizeres: ‘Ninguém vai te esquecer’, ‘Mas, ele disse que me ama’, ‘Ele disse que vai mudar’.
O encontro foi realizado pelas redes sociais e teve a participação de dezenas de pessoas que se reuniram na quadra de esportes do Parque Ecológico Diva Paim Barth (Lago Municipal).
Nas redes sociais, Juliana Oliveira Calixto escreveu que era um momento de dor, luta e reflexão para o futuro, “sem jamais, esquecermos das nossas “irmãs” que perdermos, por qualquer violência. Esse Ato Gabrielle, Presente, é o início de algo imenso e de um caminho árduo que precisamos conquistar, em nossa sociedade. Mas somos capazes”.
“Obrigada pela participação de cada uma de vocês. Para quem estava presente, para quem auxiliou na organização, para quem tirou fotos, quem se disponibilizou para falar. Não seria nada sem vocês”, escreveu Karina Vantini.
O ato público foi motivado e ganhou repercussão nas redes sociais após o brutal assassinato (feminicídio) da professora Gabrielle de Lima Rodrigues, em solidariedade à família de Gabrielle, e em repúdio as formas de violência contra as mulheres.
A Assistente Social Jaqueline Machado, uma das organizadoras do ato, disse que a manifestação foi bastante positiva. “Sabemos que a mobilização nas redes sociais é maior do que a participação efetivamente, mas tivemos uma participação bem significativa e o ato foi um momento muito intenso, para além das informações que nós fizemos questão de repassar para evitar que outras mulheres possam passar pela mesma violência por falta de conhecimento que elas podem acessar. Foi um momento de muita dor compartilhada. Observar os rostos das pessoas entristecidas foi intenso”.
Segundo Jaqueline, no momento são cerca de 1.000 mediadas protetivas concedidas as mulheres em Toledo, e ela informa ainda que de 2018 a 2023 foram registrados oito feminicídios em Toledo, mais o da Gabrielle neste ano. “Temos também nos CREAS, mulheres que são acompanhadas pelo Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos, o (PAEFI)”.

A TRAGÉDIA – Na noite da segunda-feira, 18, o Corpo de Bombeiros foi acionado para atender uma ocorrência de ferimento por arma branca no Jardim Coopagro. Ao chegar no local, os bombeiros encontraram duas pessoas mortas e uma gravemente ferida. Francisco Rech, 36 anos de idade, matou Gabrielle, 34 anos, e o sogro, Vicente José Rodrigues, 61 anos, com uma faca, e em seguida tentou cometer suicídio.
Na residência ainda havia duas crianças; uma de 11 e outra de três anos. O filho mais velho ouviu os gritos, viu a mãe sendo esfaqueada e correu pedir ajuda a um vizinho que chegou a segurar o braço do agressor, mas não conseguiu evitar as mortes. Gabrielle tinha medida protetiva contra o ex-marido. Após cometer os crimes, Gilvan foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado ao Mini Hospital. Ele foi preso em flagrante.