Imagem feita após a prisão do estuprador mostra o facão por ele utilizado e a bicicleta da vítima. Foto: Vídeo/Reprodução

É o segundo em menos de dois meses

Por Fernando Braga

É impressionante como a cidade de Toledo vem amargando a bandalheira dos moradores de rua, que atingiu a lamentável marca de dois estupros por eles cometidos em apenas 49 dias.

Em 16 de dezembro uma criança de sete anos foi abusada dentro de um banheiro público localizado no Parque Ecológico Diva Paim Barth, por um morador de rua de 33 anos de idade. Já no último sábado (03 de fevereiro), uma mulher foi sexualmente violentada, também por um morador de rua de 33 anos, no Jardim Concórdia.

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Em entrevista recente ao PodCassio, podcast realizado em Toledo pelo produtor cultural Cássio Cavaleri, o delegado-chefe da 20ª Subdivisão Policial, dr Alexandre Macorin, revelou que duas coisas se tornaram notáveis, sob seu ponto de vista, desde que retornou à cidade, onde teve, anos atrás, sua primeira passagem como delegado.

Na entrevista, Macorin observa que “temos um problema social em Toledo – eu não tinha isso quando morei a outra vez aqui -, é um fenômeno social que também ocorre em outras cidades, que é o aumento do número de mendigos, de pessoas que ficam desocupadas em torno da rodoviária”. A outra coisa que chama atenção do delegado é o envolvimento dessas pessoas em crimes. “Muitos desses homicídios têm o envolvimento dessas pessoas, mas não só crimes contra a vida, como também vários arrombamentos”.

Infelizmente, agora podemos acrescentar o estupro no rol de crimes praticados pelas pessoas que “habitam” as ruas de Toledo. Para piorar essa situação, alguns representantes do poder público, de certa forma, acabam favorecendo a permanência destes desocupados na cidade. Temos como exemplo a ação de um promotor de Justiça que impediu que o Terminal Rodoviário Alcido Leonardi fosse cercado, conforme constava no projeto inicial da reforma da rodoviária.

Originalmente, o projeto previa que todo o espaço fosse cercado, com a instalação de duas guaritas, uma para a entrada dos ônibus na área de embarque e desembarque, e outra no estacionamento, com o controle de veículos e da entrada de pedestres. Ao questionar servidores da Prefeitura de Toledo, soubemos que o projeto não pôde ser concluído porque o promotor de Justiça entendeu que essa cerca impediria os moradores de rua de acessarem o banheiro e o bebedouro de água presentes na rodoviária.

Pelo visto, as pessoas em situação de rua são privilegiadas em Toledo, tendo mais direitos do que o restante da população, que trabalha, paga impostos e é importunada por estes desocupados. Por falar em ‘trabalhar’, esse é um verbo que não costuma ser conjugado pelos moradores de rua. Afinal de contas, trabalhar para que, se ganham comida de restaurantes, têm acesso a banheiro e água na rodoviária e podem passar a noite sem serem incomodados em espaços públicos como a Praça Willy Barth, a Praça Getúlio Vargas, o Terminal da Vila Pioneiro e áreas do Parque Linear Sanga Panambi? Até o Parque das Águas, enquanto esteve fechado ao público, serviu de “moradia” para essas pessoas.

Procurado por nossa Reportagem, o diretor da Agência do Trabalhador de Toledo, Rodrigo Souza, informou dados preocupantes. Segundo ele, cerca de 70 pessoas em situação de rua foram encaminhadas para o mercado de trabalho em 2022 e outras 80 em 2023.

Tudo é feito com muito empenho dos servidores. “Nós fazemos todos os procedimentos. Eles vêm da Casa de Passagem, a gente os atende e faz contato com as empresas”, diz o diretor.

Contudo, apesar dos esforços da equipe da Agência do Trabalhador, que faz um trabalho em conjunto com servidores da Secretaria da Assistência Social, nenhuma dessas pessoas que tiveram a chance de recomeçar, de mudar de vida, soube aproveitar. Os que foram mais longe, permaneceram por, no máximo, dois meses no emprego. Sobre isso, Rodrigo explica que por diferentes motivos essas pessoas abandonam o trabalho. “Por questões culturais, por dificuldades em obedecer regras, isso faz com que o pessoal saia do trabalho antes mesmo de passar pelo período de experiência”. O diretor da Agência do Trabalhador também revela outro dado preocupante. “Para que aqueles que tiverem interesse, nós temos cursos de qualificação, que sempre são oferecidos. Mas nenhum, até hoje, se cadastrou para fazer um desses cursos”, finaliza.

Enquanto a sociedade civil e o poder público, através de seus vários órgãos, em diferentes esferas, não se organizam para enfrentar o problema e buscar soluções, sobretudo para a população, as ocorrências policiais envolvendo os desocupados/criminosos de Toledo irão se repetir.

O indivíduo que praticou o estupro neste fim de semana, utilizando um facão para abordar e render a vítima, já tinha passagens pela polícia pelo crime de furto. Detalhes sobre a ocorrência e a prisão do estuprador se encontram no vídeo encaminhado pelo 19º Batalhão de Polícia Militar, que pode ser acessado clicando AQUI.