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APAC: Segunda chance na vida, recomeço e novas oportunidades

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Por Marcos Antonio Santos

A Assistência aos Condenados do Paraná (APAC), em Toledo começou a receber as primeiras pessoas privadas de liberdade em 07 de março de 2022, com uma estrutura que chama a atenção pela qualidade e organização. Nessa quarta-feira, 02, o Grupo de Trabalho para Diagnóstico das APACs realizou uma visita técnica ao Centro de Reintegração Social, de Toledo.

O responsável pelo Grupo de Trabalho, coronel Carlos Eduardo Cidreira disse que as visitas as quatro APACs do Paraná foi uma determinação do governador Ratinho Junior. “A Equipe de trabalho foi designada pelo secretário de Estado da Segurança Pública (coronel Hudson Leôncio Teixeira), juntamente por uma determinação do governador, e em razão dessa visita viemos fechar um diagnóstico das APACs. Das visitas que já fizemos, esse trabalho, essa ferramenta, APAC, tem funcionado bem na ressocialização dos recuperandos. Depois desse diagnóstico apresentado, nosso governador e o secretário com certeza farão uma avaliação se há possibilidade de expansão, ou não, desse programa”, afirma. Além de Toledo, Barracão, Ivaiporã e Pato Branco tem unidades da APAC.

De acordo com o presidente da APAC de Toledo, Balnei Lorenço Rotta, a esperança é que outras comarcas do estado também abrace as APACs. “Estamos recebendo essa comissão para fazer um diagnóstico com relação ao funcionamento das APACs, verificar a funcionalidade e também em um futuro próximo esperamos que eles abracem também a causa, e que consigamos repassar para outras comarcas do Paraná essa ideologia das APACs”.

“O trabalho que nós fazemos é justamente de dar um pouco mais de humanização no cumprimento da pena dessas pessoas que cometeram algum delito. Fazer com que elas se ressocializem e quando tiverem a oportunidade de estar em liberdade, que não voltem a cometer crime.  Que voltem em um ambiente mais propício. Na APAC ensinamos algumas profissões, essas pessoas estão trabalhando aqui dentro e temos ainda um trabalho junto as famílias dos recuperandos, e procuramos que essas famílias façam também um acolhimento desse familiar durante o período que ele está cumprindo a sua pena. A APAC é uma unidade para a ressocialização das pessoas privadas de liberdade”, avalia Balnei Rotta.

Coronel Cidreira (de pé ao centro de camisa azul), Balnei Rotta, integrantes do Conselho da Comunidade, judiciário, defensoria pública, entre outros convidados. Foto: Gazeta de Toledo.

VISITA TÉCNICA – Com exclusividade a equipe da Gazeta de Toledo acompanhou a visita técnica realizada por dentro da APAC de Toledo, que foi apresentada ao coronel Cidreira, integrantes do Conselho da Comunidade, judiciário, defensoria pública, entre outros convidados. O local impressiona pela organização e estrutura. Hoje, a APAC recebe 27 condenados a penas privativas de liberdade e de bom comportamento, que são monitorados 24 horas por dia por nove agentes de segurança, mas o local tem capacidade para abrigar até 51 pessoas.  

ROTINA A SER SEGUIDA – Os condenados tem uma rotina de domingo a domingo. Eles dormem em celas com aproximadamente 25 metros quadrados equipadas com três triliches, chuveiro protegido por um biombo e uma pequena pia para a higienização pessoal. Tudo muito organizado e limpo.

Eles acordam todos os dias as 6h da manhã, tomam café e começam a trabalhar em um salão com mesas e cadeiras, que também é o local do refeitório. Os condenados mais recentes que chegam a APAC passam todo o dia nesse salão fazendo trabalhos de artesanato, confecções de caminhos de mesa, bolsas e bonecas de crochê. Alguns preferem se dedicar a leitura e a estudar. Nas mesas encontramos livros e bíblias.  Um dos livros é: “A Luz Através da Janela”, da escritora Lucinda Riley. Também livros e revistas que destacam Ciência a Saúde e Boa Alimentação e o Código de Processo Penal – Constituição Federal.

O local oferece ainda uma biblioteca e sala de aula. Os trabalhos dos condenados encerram-se as 17h, e até as 22h, eles têm as horas de lazer; uns ficam assistindo TV, outros vão estudar, e alguns escolhem rezar e orar na pequena capela com espaço para quatro bancos. As 22h, todos são trancafiados em suas celas e dormem até das 6h da manhã, quando tudo recomeça.

Além do trabalho de artesanato, os condenados mais experientes fazem serviços remunerados para grandes empresas de Toledo. Alguns possuem talentos, que há pouco tempo estavam reprimidos, e fabricam até casas de bonecas gigantes.  Nas paredes do local, frases marcantes de fé e incentivos retratam a vida de cada um deles: “Do amor ninguém foge”.

PADARIA – A APAC de Toledo tem uma ampla cozinha e os aromas da boa comida é sentido assim que se entra no local. Ao lado, a estrutura é de uma padaria, onde são feitos pães, bolos e bolachas, hoje, tudo é para o consumo dos condenados, mas em breve será comercializado com entidades da cidade.

Além dos pães, a padaria também produz salgados. Foto: Gazeta de Toledo

Depois da visita, que impressionou a todos, os condenados pararam por um tempo os seus serviços, para receber o coronel Cidreira, Balnei Rotta e os demais convidados. Alguns até falaram dessa nova oportunidade na vida. “Uma oportunidade de dignidade que a APAC está me oferecendo, e também de recuperar o meu nome”. Mesmo com fisionomias sofridas, de quem cometeu erros, e está pagando por eles, os condenados mostram fé e esperança que um dia encontrarão a liberdade, e isso foi apresentado quando todos cantaram para os presentes no refeitório.  

Reunião realizada depois da visita técnica. Foto: Gazeta de Toledo

ORGULHO – Depois da visita, o coronel Cidreira se reuniu com o presidente da APAC e os outros convidados para apresentar as primeiras avaliações da visita. Balnei Rotta disse que é de se respeitar a estrutura da APAC de Toledo. “Com certeza, eu me orgulho muito. A sociedade de Toledo também tem que se orgulhar. Até me penalizo, porque uma das nossas falhas é a falta de divulgação do nosso trabalho. A comunidade como um todo ainda não sabe, principalmente as autoridades, não sabem, o que fazemos aqui e o resultado positivo. O coronel conheceu as outras APACs, e a impressão que ele levará daqui de Toledo, é a melhor possível. Porque no Paraná é a única que foi construída do zero.  Outras eram antigas prisões que foram adaptadas.  Temos vagas aqui, mas para vir para a APAC tem uma série de critérios, que são instituídos pelo próprio Judiciário, que determina quem são as pessoas que irão vir para cá e cumprir a sua pena, não é simplesmente querer estar aqui”, afirma Balnei Rotta.

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