Deputado federal Dilceu Sperafico. Foto: Assessoria

 Dilceu Sperafico*

         Os prejuízos e danos da evasão escolar vão muito além da falta de profissionais habilitados ao exercício de muitas e diferentes funções nos segmentos produtivos, o que é agravado pela evolução tecnológica, além da perda de pessoas educadas e preparadas para o melhor convívio com os seus semelhantes. De acordo com estudos de instituições especializadas, o abandono da escola de ensino médio por cerca de 500 mil jovens maiores de 16 de idade, resulta na perda de 220 bilhões de reais a cada ano letivo, para a economia brasileira.

         Os dados assustadores da evasão escolar foram revelados pelo estudo denominado Combate à Evasão no Ensino Médio – Desafios e Oportunidades, do Serviço Social da Indústria (SESI) e do   

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), conhecidos este ano, preocupando autoridades, pais e mães, dirigentes de entidades empresariais e analistas das potencialidades e carências da economia nacional.

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         Conforme o documento, cada jovem estudante que deixa de completar o ensino médio gera prejuízo de 395 mil reais para ele próprio, sua família, a sociedade brasileira e setores dependentes de mão-de-obra qualificada. Os números preocupam não apenas do ponto de vista financeiro, pois indicam que nos últimos 30 anos, cerca de 500 mil jovens maiores de 16 anos abandonaram a escola no Brasil a cada ano letivo e apenas a metade dos adolescentes jovens brasileiros concluíram o ensino médio até os 18 anos de idade.

         De acordo com o estudo, entre os brasileiros nascidos em 1988, apenas 60% terminaram o ensino médio até os 24 anos de idade, o que ressalta ainda mais a gravidade do problema da evasão escolar no País. O levantamento cita dados do Anuário Brasileiro da Educação Básica, de 2021, segundo o qual os alunos que frequentavam escolas públicas e particulares em 2020 eram 94,5% jovens, mas nem todos estavam matriculados no ensino médio, previsto para a faixa etária de 15 a 17 anos.

Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 480 mil jovens dessa faixa etária estavam fora da escola em 2022. Para agravar ainda mais essa situação, o percentual era mais alto nas regiões mais pobres do País, o que comprometia o processo de desenvolvimento econômico e social desses Estados e cidades.

         Isso porque, de acordo com especialistas, entre os quais dirigentes e fundadores do Instituto Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (IEDE), “a educação é o mecanismo viabilizador do combate às desigualdades sociais. Então, para poder promover a ascensão social de estudantes de baixo nível socioeconômico, é preciso garantir o atendimento escolar e a conclusão da educação básica por todos os jovens”. Pesquisadores da Universidade Federal do Pampa, do Rio Grande do Sul, ressaltam também que o problema da evasão escolar no ensino médio no Brasil se agravou após a pandemia de Covid -19.

Em sua análise, destacam que como as escolas ficaram fechadas por mais tempo, os estudantes se sentiram quase que estimulados a abandonarem os estudos em busca de trabalho para garantir a sua sobrevivência. Diante dessa lamentável realidade, o combate à evasão escolar é de suma importância, pois somente a maior escolaridade oferece possibilidades de melhores salários aos trabalhadores e desenvolvimento econômico e social ao País.

*O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br