Entre as maiores preocupações sociais com os avanços da tecnologia e, especialmente, da inteligência artificial, está a substituição da mão-de-obra humana, incluindo de chefes de família, por máquinas e/ou equipamentos automatizados.

Conforme avaliação de instituição especializada, comparando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com estudos da Universidade de Oxford, dos Estados Unidos, sobre ocupações e suas faixas de risco de automação, somente no Brasil 52 milhões de trabalhadores poderão perder vagas para robôs, entre os próximos 10 e 20 anos.

De acordo com especialistas, a estimativa está relacionada aos empregos classificados como de “risco elevado”, acima de 70%, de serem assumidos por equipamentos automatizados nas próximas décadas, utilizando tecnologias já existentes.

Seriam os casos de tarefas ou ocupações que não demandam originalidade e/ou criatividade para serem exercidas com eficiência, além de não exigirem relações socioemocionais e determinadas habilidades motoras, próprias de seres humanos.

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Entre os exemplos mais conhecidos dessas profissões ameaçadas, está a condução de automóveis, táxis e caminhonetes, com 98% de possibilidades de robotização.

Na prática, não apenas a profissão de motorista corre risco de extinção, porque os atuais veículos tendem a ser substituídos por carros totalmente autônomos.

Na mesma relação de tarefas ameaçadas, estão as de cobradores, entrevistadores de pesquisas de mercado, balconistas de serviços de alimentação e garçons, entre outros.

As funções que exigem originalidade e criatividade dos profissionais, além das mencionadas habilidades socioemocionais, seriam as menos afetadas nessa competição desigual.

Com baixo risco de automação estão 22,8% dos empregos atuais do País, o correspondente a 20,5 milhões de vagas. Outros 19,1% das funções são classificadas de risco médio e equivalem a 17,1 milhões postos de trabalho.

Das vagas com pouco risco de serem assumidas por máquinas estariam as de gerente de hotel, psicólogo, engenheiro químico, advogado, jurista e veterinário.

Segundo especialistas, gerente de hotel, por exemplo, necessita de habilidades para bem se relacionar com funcionários e hóspedes e ter

bom desempenho na atividade, o que significa que jamais poderia ser substituído por máquina. A mesma lógica valeria para outras funções gerenciais ou de comando de trabalhadores.

 Os responsáveis pelos estudos alertam também que fatores políticos e econômicos podem atrasar a previsão de automação, com relação ao potencial estimado até agora.

Um dos fatores econômicos seria o baixo custo da mão-de-obra em determinadas funções de países em desenvolvimento. Nesses casos, a remuneração dos trabalhadores seria relativamente baixa, tornando menos atraente para empresários investimentos na substituição de empregados por máquinas.

No campo político, a interferência na automação de empregos seria menor, como aconteceu com frentistas de postos de combustíveis. Nos Estados Unidos e países europeus, os profissionais da função estão se tornando raros.

Isso acontece, apesar de ações e manifestações contra a extinção de empregos tradicionais, porque a evolução da tecnologia e da própria sociedade parece fora do controle de parcelas de profissionais prejudicados.  

*O autor é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado E-mail: dilceu.joao@uol.com.br

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