O Grande Encontro é realizado na semana nacional da adoção.

Por Marcos Antonio Santos

Neste 25 de maio é celebrado o Dia Nacional da Adoção, e quem tem a oportunidade de visitar um abrigo de acolhimento, e em Toledo são algumas crianças e adolescentes, consegue ver bem próximo o quanto a adoção é um gesto de amor e nobreza, um pequenino milagre de esperança e uma imensa responsabilidade para começar. Para muitos que sonham em ter um filho para acalentar, ou um lar, pode ser o começo de uma vida nova cheia de gentis carinhos e proteção.

“Em Toledo temos quatro entidades de acolhimento institucional separadas por faixa etária onde crianças e adolescentes são acolhidos como medida protetiva, quando se encontram em situação de violação de direitos dentro da família biológica. Estar acolhido não quer dizer que está disponível para adoção, apenas depois de esgotadas todas as possibilidades de retorno à família é que o processo de destituição do poder familiar se inicia para depois ocorrer a inserção em família substituta pela via da adoção. Toda a criança tem direito a ter uma família, seja biológica, ou adotiva”, afirma a assistente social da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Toledo, Rita Chicarelli. Segundo ela, ao longo dos últimos anos, mais de 350 famílias se formaram em Toledo por meio da adoção.

Para quem decidi adotar, pode procurar o Fórum ou a Vara da Infância e da Juventude e organizar a documentação que está prevista no Estatuto da Criança e Adolescente. Os documentos apresentados serão autuados pelo cartório e remetidos ao Ministério Público para análise e prosseguimento do processo. O promotor de justiça poderá requerer documentações complementares. Número de adoções na Comarca de Toledo por ano: 2019:16, 2020:35, 2021:19, 2022:15.

[bsa_pro_ad_space id=17] [bsa_pro_ad_space id=15]

Em cada sorriso e olhar, podemos ver uma história quase sempre triste e emocionada. É possível de forma sublime conceder a chance de mudar a vida de uma criança.  E são muitas que aguardam angustiadas por um lar, na esperança de ter uma família e todo o amor que ela pode proporcionar.

A psicóloga perinatal, Taís Maciel comenta que em alguns casos a adoção demora para o casal que tem um padrão de perfil. “Por exemplo, bebês, menina, branca. Temos crianças no abrigo de 9, 10, até 14 anos que estão aptas a serem adotadas. O preparo da adoção passa por essa via de se desmistificar de ter um filho pequenininho em casa. Famílias que querem ter crianças menores demora mais tempo, famílias que entendem a importância da adoção tardia podem esperar um pouco menos de tempo”. 

MÃES E FILHOS DO CORAÇÃO – Se para muitos a adoção ainda é um tabu, para Amanda Rumor, há cinco anos morando em Toledo, deu muito certo; um milagre da vida. A mãe da Beatriz, 20 anos; Isabele,18; Mariana, 16; Luisa, 12, Gabriela, 09; e Davi, 02, conta que foi adotada.   “Meus filhos existem porque eu tive uma base, se tivesse crescido com maus-tratos e violência, teria essa quantidade de filhos? Eu sou uma filha adotada, filha do coração, porém uma filha e irmã que é muita amada. E esse amor sempre me fez querer ter filhos. Meus filhos tem toda a liberdade, mas quando eu e meu esposo falamos não, é não. Bons exemplos e limite dentro de casa; isso é respeito”.

Pais e filhos juntos e felizes.

Há 15 dias do seu casamento, depois de seis anos de namoro com Marcelo, Amanda, com 22 anos na época, ficou sabendo que era filha do coração, e não biológica. “Na hora, eu ouvi o Espírito Santo dizendo: não chore! Naquele momento, a minha família estava liberta daquela ‘mentira’. Abracei minha mãe e oramos juntas, depois fui para o meu quarto e chorei muito, porque estava perdendo a minha identidade. Mas eu fiquei muito feliz, porque Deus me colocou na melhor família. Os meus pais não erraram na minha criação, sou uma mulher honesta, de caráter, integra, idônea, eu nunca os envergonhei, e eles me amaram até o último suspiro de vida. Na cremação da minha mãe, a minha cunhada me disse: Amanda, você não nasceu dela, mas nasceu para ela.   Os meus irmãos; William e Eliane cuidam da minha família e me amam muito. Antes da minha mãe falecer, a minha irmã disse para ela: a senhora pode descansar em paz, porque vou cuidar da Amanda enquanto eu viver”.

A professora Cirlei Rossi e o seu esposo Everaldo Backes têm três filhos adotados: Taís, 18 anos; Nicole, 15 e Alexandre,13, e escreveu o livro ‘O que levei para casa’, que provoca um debate realista da adoção a partir da percepção das pessoas que adotam. Os três filhos de Cirlei, que são irmãos, ‘nasceram’ no dia 20 de agosto de 2012, o dia em que o termo de adoção provisório foi assinado. “Saímos do fórum em torno das 19 horas, e seguimos para nossa casa”, trecho do livro, página 36.  “Quando eles foram morar conosco foi uma junção de sentimentos e de restruturação. A adaptação exige abnegação, resiliência e se colocar no lugar do outro, e isso se torna um comportamento bastante exigente.   Tivemos que mudar a nossa rotina. As crianças no começo levaram naquela alegria e depois começaram a entender e se adaptarem. E ao mesmo tempo, eles têm algumas resistências naturais e nós adultos do mesmo modo, é um processo que não é simples”.

“A adoção na verdade, é uma forma de se tornar pai e mãe, e ter filhos.  É uma questão de decisão, de formar uma família e acreditar que vai te fazer feliz, de ter um propósito de vida; que era ter filhos, e acreditar que eu posso deixar um legado para alguém, que pode mudar o mundo”, revela Cirlei.

Pais de coração, e filhos; Alexandre, Nicole e Taís, de coração.

Grande Encontro será realizado nesta sexta-feira

O Teatro Municipal será palco nesta sexta-feira, 26, às 19h30, do Grande Encontro, promovido pelo Grupo de Apoio à Adoção de Toledo (GAAT) e a Vara da Infância e Juventude da Comarca de Toledo. A psicóloga perinatal, Taís Maciel disse que este evento está dentro de um processo de elaboração para adoção. “Temos um grupo desde de 2008, que trabalha com a preparação das famílias que desejam adotar.  O Grande Encontro começa com esse intuito de orientar as pessoas sobre o que é a adoção, e o que precisam fazer para conseguir adotar uma criança. Temos também o pós-adoção, e por três meses as famílias são acompanhadas para avaliar o vínculo, e participam ainda de um grupo de pais no pós-adoção”. O Grande Encontro acontece em Toledo há 17 anos promovendo a cultura da adoção.

O Grande Encontro tem como símbolo um girassol, que representa a felicidade.

De acordo com a assistente social Rita Chicarelli, o objetivo do GAAT é preparar as famílias que desejam adotar uma criança. “Temos crianças maiores; grupo de irmãos; adolescentes; crianças com problemas de saúde, bebês; entrega em adoção, quando a gestante não pode exercer o cuidado da criança, essa entrega é prevista no Art. 19 do ECA”.

“O GAAT foi criado para que as chances de sucesso da adoção sejam concretizadas, para que as crianças e adolescentes possam ter assegurado o direito à convivência familiar e comunitária e possam ter uma família preparada visando efetivar de maneira plena esse direito, muitas vezes violado,” diz Rita.

Pela primeira vez, por meio da Fraternidade Feminina (Frafem) Cruzeiro do Sul Aliança Universitária, o Grande Encontro, evento que anualmente comemora e valoriza campanha para desmistificar o tema adoção receberá auxílio financeiro para acontecer em Toledo. A diretora Social/Cultural da Frafem, Marcia Torino Rocha explica que a Fraternidade é uma Associação Civil Paramaçônica Feminina não iniciática, sem fins lucrativos, formada por mulheres de maçons, com o objetivo principal de servir a sociedade. “A Fraternidade responde diretamente ao Grande Oriente do Brasil do Paraná, instituição maçônica com dezenas de Lojas Maçônicas jurisdicionadas e milhares de membros. Com o apoio da Loja Maçônica Aliança Universitária 4437, Frafem, e GOB-PR, por meio do fundo fraterno, aporte financeiro que auxilia ações da fraternidade, o Grande Encontro foi acolhido dentro da maçonaria com aplausos e total apoio, custeando despesas para receber pessoas que estarão presentes no Teatro Municipal”. Ela disse que será uma programação especial; apresentação do livro da Cirlei Rossi, ‘O que levei para casa’, informações para as pessoas saberem os passos de uma adoção, entre outras atrações.  

Marcia também é voluntária do GAAT. “Esse projeto foi criado pelo Núcleo de Atendimento Especializado (NAE) da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Toledo. É formada por pais por adoção, após adotarem podem fazer parte da Associação. Eu e meu esposo fizemos todo o processo e estamos aguardando nossos filhos por adoção”.

O processo de adoção é se conscientizar das possibilidades de que tudo pode mudar, pois pode acontecer de esperar uma menina e, de repente, é um menino. É saber que pais são os que criam, que oferecem um amor incondicional.