Dom João Carlos Seneme, Bispo da Diocese de Toledo. Foto: Divulgação

Na Quarta-feira de cinzas iniciamos o Tempo da Quaresma. Tempo de graça que nos prepara para a celebração do mistério pascal de Jesus Cristo, paixão, morte e ressurreição, centro de nossa fé cristã-católica. Somos convidados a refletir intensamente sobre o nosso Batismo e a vocação que nasce do Batismo onde nos tornamos filhos e filhas de Deus inseridos em uma comunidade com o compromisso de transformar tudo o que nos rodeia em sinal de vida nova. Três atitudes devem nos acompanhar neste período: o jejum, relação consigo mesmo; oração, relação com Deus; e esmola, relação com os outros.

No início da caminhada Quaresma, o ser humano é colocado diante de Deus, de si mesmo e dos outros, com um convite urgente de retornar às origens, ao sentido da vida e ao caminho que cada um é chamado a realizar no Batismo.

Neste 1º Domingo da Quaresma acompanhamos as tentações de Jesus e sua firme disposição de continuar sua missão até o fim (Mt 4,1-11). O relato nos oferece a chave para sair do fracasso e do medo em que o ser humano se aprisionou por causa do pecado.

Jesus é um modelo para nós. Através da Palavra de Deus e por sua comunhão com o Pai, Ele vence o mal, porque confia no Pai e coloca a sua vida em suas mãos. Se repararmos bem, as tentações questionam justamente a sua filiação divina e missão. Ele se mantém fiel até o fim: “Ele, apesar de sua condição divina, não fez alarde de ser igual a Deus, mas se esvaziou de si e tomou a condição de servo, tornou-se obediente até à morte, morte de cruz” (Fl 2,6-8).

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As três tentações se resumem em uma só: nossa relação com Deus, nossa condição de filho. Não é por acaso que este relato é colocado logo depois do Batismo que apresenta Jesus como Ungido do Senhor, Filho de Deus.

Jesus nos ensina que também nós podemos vencer as dificuldades que todo dia encontramos na vivência de nossa fé e nos desafios de colocar Deus no centro de nossas vidas e orientar nossas escolhas a partir da fé. O texto de hoje coloca em evidência a pergunta: O que dá sentido à vida humana? O homem não busca Deus, mas o pão, milagres e poder. Ele vai atrás daquilo que lhe dá segurança. No deserto, Jesus revela que é Deus que dá vida ao ser humano, por isso Ele não se afasta do projeto de Deus, não aceita uma fé que se nutre de sensações; recusa a lógica do poder e rejeita a pretensão do ser humano de querer absolutizar a si mesmo e os bens que possui. Não há outros caminhos de salvação como o diabo oferece a Jesus. O único caminho é a confiança absoluta no Deus da vida.

A Campanha da Fraternidade nasceu por iniciativa de Dom Eugênio de Araújo Sales, em Nísia Floresta, Arquidiocese de Natal (RN), em 1962, como expressão da caridade e da solidariedade em favor da dignidade da pessoa humana, dos filhos e filhas de Deus.

A Campanha da Fraternidade 2023 tem como tema “Fraternidade e fome” e lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16). Essa é a terceira edição da CF que aborda a questão da fome, sendo a primeira vez em 1975, com o tema “Fraternidade é repartir” e o lema “Repartir o pão”. E a segunda foi em 1985, com o lema “Pão para quem tem fome”, antecipando a preparação para o Congresso Eucarístico de Aparecida.

Assim, a Campanha da Fraternidade 2023 está sendo articulada pela Igreja no Brasil como forma de contribuir no enfrentamento do flagelo da fome pela terceira vez. Ninguém deve sofrer com a fome quando realmente vivemos como irmãos e irmãs. Portanto, a Campanha busca incentivar as comunidades a assumirem suas responsabilidades ante a situação da fome que persiste no Brasil, a exemplo de Jesus.

Dom João Carlos Seneme, cssBispo de Toledo