Dom João Carlos Seneme, Bispo da Diocese de Toledo. Foto: Divulgação

Mais uma vez estamos em contato com a narração do batismo de Jesus, desta vez através do evangelista São João (Jo 1, 29-34). Retomamos o tema do Batismo de Jesus: ele é o profeta desarmado e servo obediente, que se submete à vontade do Pai. Há uma conexão misteriosa entre a missão do servo e o serviço de Jesus “cordeiro de Deus”: uma relação estreita fundada sobre a fidelidade a Deus e o amor pela humanidade.

Os primeiros cristãos reconheceram a pessoa e a missão de Jesus como o servo, o escolhido de Deus. Nós acabamos de ouvir esta verdade através do testemunho de João durante o batismo de Jesus: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo”. O propósito de João é mostrar Jesus como o escolhido, o ungido: “Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, é ele quem batiza com o Espírito Santo”.

O batismo de Jesus não consiste em submergir seus seguidores nas águas de um rio, Jesus submerge os seus no Espírito Santo. Jesus possui a plenitude do Espírito Santo e por isso pode comunicar aos seus esta plenitude. Esta é a grande novidade de Jesus: Ele é o Filho de Deus que batiza com o Espírito Santo! De modo que, através do batismo, somos transformados em criaturas novas vivendo mais intensamente nossa pertença a Deus e à Igreja. Procurando recuperar sempre de novo nossa identidade irrenunciável de seguidores de Jesus, sem deixar vencer pelo egoísmo, covardia. Só Jesus pode despertar o que há melhor na Igreja e dar-lhe uma coração novo, com maior capacidade de ser fiel ao Evangelho. Recuperar o batismo de Jesus é a primeira tarefa da Igreja.

Hoje como ontem provoca escândalo a figura de um Deus pobre e humilde, porque hoje como ontem os humildes não estão em evidência. Ser combativo e competitivo não é só uma garantia de sucesso, mas é a regra para o progresso humano. A salvação da humanidade se encontra em Jesus, servo fiel, manso e humilde.

[bsa_pro_ad_space id=17] [bsa_pro_ad_space id=15]

Assumindo o nosso batismo, tomamos consciência do Espírito que vive em nós e nos conduz a viver a vida seguindo seus princípios como seres “espiritualizados”, ou seja, existe uma vida nova dentro de nós que determina que devemos lutar contra morte e afirmar que a vida é dom de Deus. Ele nos ama com nossas fraquezas, medos, doenças. Um Deus encarnado, que assumiu nossa fragilidade é o coração da teologia cristã, que lê a história da salvação como a história de um Deus que manifesta seu amor. “Ninguém tem amor maior que aquele que dá vida por amigos” (Jo 15, 13).

A história humana não é, portanto, uma história de fracasso, de caminhada sem sentido para um beco sem saída; mas é uma história vemos Deus nos conduzindo pela mão e apontando, em cada curva do caminho, a realidade feliz do novo céu e da nova terra. É verdade que, em certos momentos da história, parecem se erguer muros intransponíveis que nos impedem de contemplar com esperança os horizontes finais da caminhada humana; mas a consciência da presença salvadora e amorosa de Deus na história deve nos animar, dar confiança e acender em nossos olhos e em nosso coração a certeza da vida plena e da vitória final de Deus.

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo