Dilceu Sperafico. Foto: Assessoria

Por Dilceu Sperafico*

Se no Brasil mais de 30 milhões de pessoas passam fome ou não têm recursos para a aquisição regular de alimentação básica, no mundo, infelizmente, o contingente de famintos chega a 828 milhões de seres humanos e entre as poucas alternativas para, pelo menos, amenizar essa tragédia, está o maior apoio ao crescimento do agronegócio brasileiro, aproveitando as potencialidades singulares do setor primário nacional.

Graças à extensão territorial, topografia e fertilidade do solo, abundância de recursos hídricos, clima favorável, qualidade, diversidade e sustentabilidade da atividade agropecuária, domínio da moderna tecnologia e competência, dedicação e profissionalismo de produtores e trabalhadores rurais do País, nenhuma outra nação pode responder tão bem e com tanta agilidade ao maior estímulo à produção primária, como o Brasil.  

Conforme o Índice Global da Fome (IGF), de organização não governamental denominada Welthungerhilfe ou Ajuda Mundial Para a Fome, da Alemanha, a crise mundial decorrente da pandemia de Covid-19, guerra na Ucrânia e mudanças climáticas vêm agravando o problema mundial da subnutrição. Com isso, o número de famintos no mundo aumentou de 811 milhões em 2021 para 828 milhões em 2022 e a tendência é que cresça ainda mais nos próximos anos, chegando a 830 milhões de pessoas em 2030, em consequência das conhecidas e recentes crises, agravadas por problemas estruturais.

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Conforme especialistas, a guerra na Ucrânia continua elevando os preços globais dos alimentos, energia e fertilizantes e seguirá agravando a fome no planeta em 2023 e nos próximos anos. Ocorre que as crises geram problemas estruturais para agravamento da fome, como pobreza, desigualdade social, governança ineficiente, deterioração da infraestrutura e redução do plantio e produtividade agrícola, nas áreas mais afetadas.

Para determinar o contingente de famintos no mundo em 2022, o levantamento da Welthungerhilfe avaliou 136 países, dos quais 121 com dados completos para as análises da situação, com base em quatro referências da situação, como subnutrição, mortalidade infantil, perda de peso infantil e atraso de crescimento de crianças, especialmente no item relacionado à altura.

De acordo com o estudo, do total de 828 milhões que sofrem com a falta de alimentação diária, pelo menos 193 milhões enfrentam a chamada “fome severa” ou total falta de opções para reduzir carências nutritivas do organismo. Com bases nesses dados, em 35 países, a situação de fome foi classificada como grave e em nove nações, como muito grave.

As maiores taxas de subnutrição humana estão no Sul da Ásia e na África Subsaariana, que corresponde à parte do continente ao Sul do Deserto do Saara e é constituída de 48 países. O Iêmen é atualmente a nação com o pior desempenho, com pontuação de 45,1 no índice da fome da população, sendo que, quanto mais próximo de zero, melhor a situação da nutrição no país analisado. República Centro-Africana, Madagascar, República Democrática do Congo e Chade completam a lista com as piores estatísticas de desnutrição.

Segundo especialistas, essa triste situação deve se agravar em 2023, pois no momento não há projeções de que o mundo alcance a redução do nível de fome até 2030, já que entre as possíveis soluções estão a transformação de sistemas alimentares, gestão de recursos naturais e avanços nas atividades agrícolas e pecuárias.

*Dilceu Sperafico é deputado federal eleito pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado.

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br