João 2,13-25 – É a passagem bíblica que retrata aquilo que está acontecendo com parte dos políticos de Toledo. Trata-se da passagem em que Jesus Cristo expulsa os vendedores que ocupavam o templo, que é a Casa do Senhor, por mais de uma vez.

Na primeira vez, alguns meses depois de ser batizado, Jesus foi para Jerusalém, onde havia uma multidão para comemorar a Páscoa, quando o hábito era oferecer sacrifícios de animais, atraindo várias pessoas que aproveitavam a oportunidade para vender animais aos fiéis que chegavam a Jerusalém.

Então, quando Jesus chegou ao templo, logo observou vendedores de ovelhas, bois e pombas, pessoas que estavam lá apenas com o propósito de ganhar dinheiro. O Filho de Deus não contou conversa: pegou umas cordas e fez um chicote, com o que colocou as ovelhas e os bois para fora do templo. Depois derrubou as mesas dos vendedores e jogou as moedas deles no chão.

Visivelmente irritado, Jesus disse para os homens que vendiam pombas: “Tirem tudo isso daqui! A casa do meu Pai não é lugar pra ficar comprando e vendendo coisas!”, deixando todos surpresos com o que estavam vendo. Três anos depois, a cena se repetiu: Jesus foi ao templo e expulsou os vendedores de novo, pedindo que todos respeitassem a Casa de seu Pai.

Dois mil anos depois, os vendilhões do templo não apenas seguem, como se sofisticaram. Eles não vendem mais animais para sacrifícios, nem bugigangas, nem comidas e nem cartelas de bingo em quermesses no fundo das igrejas. Agora, os ditos “pastores” vendem sua HONRA, O SEU CARÁTER, SUA CIDADE, A FÉ, e, principalmente, a confiança daqueles que depositaram os votos nas urnas, como aconteceu nessas eleições de 2022.

No pleito de 2018, 22.141 votos de Toledo foram para 361 candidatos a deputado estadual de fora. Nessas eleições de 2022, a situação se repetiu, pois 20.783 votos foram pulverizados para 472 candidatos de fora.

Para a vaga de deputado federal foi pior. Os toledanos que posam em frente daquela frase “EU AMO TOLEDO”, na hora em que esperava-se fidelidade à cidade, votando nos candidatos de sua terra, pulverizam 28.069 votos para 377 candidatos de fora.

Parece o apocalipse (22,12), da época em que se vendia indulgências. Quando pessoas de posses (cargos) compravam a remissão absoluta dos seus pecados e, por conseguinte, penas temporais, tanto em vida quanto na morte, e garantiam assim seu “pedaço de terra” na eternidade (cargo).

Agora a bandalheira está mais sofisticada

Jesus teria dificuldade para repetir a cena do chicoteamento, chutando o balde e derrubando as mesas. Ele teria que chicotear os próprios pastores vendilhões que enganam suas ovelhas (eleitores) temerosas por arderem no fogo do inferno. E não se trata apenas de desviar os dízimos (fundão) ou de tomar os bens (o voto) dos mais miseráveis, enganados pela promessa de uma prosperidade que só enche os bolsos dos vendilhões.

A coisa anda tão descarada que os próprios vereadores de Toledo, em sua maioria, admitiram publicamente que teriam feito a intermediação de emendas parlamentares para eleger a, b ou c, para que os eleitores, e os próprios vereadores e demais correligionários, fossem “ungidos” nessas eleições.

A você, vereador que não se encaixa nesse artigo por ter votado certo e apoiado aqueles que respeitam o templo, parabéns! Não será chicoteado.

A você, vereador que não se encaixa como um comerciante dos votos, meus parabéns também, pois a partir de hoje, esse colunista vai comprar uma corda para chicotear.

A vocês, eleitores que detêm o direito de votar livremente, sugiro que depois de verem que a cidade só elegeu um deputado federal, pensem melhor na hora que precisarem do atendimento público, seja na saúde, no esporte, no lazer, na educação, na economia, na ciência e tecnologia, e na segurança, e peçam ajuda aos deputados em que vocês votaram.