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Especialista explica como isso pode afetar as preferências por texturas e sabores a longo prazo

Os primeiros anos de vida são essenciais para a saúde do bebê e a primeira preocupação natural é com a alimentação além do leite materno. E o que é mais comum nesse período inicial? A famosa sopinha, que segundo os especialistas faz parte do método tradicional de introdução alimentar, período em que a criança começa a entrar em contato com os diferentes itens nutritivos. O que muitas mães não sabem é que esse tipo de alimentação em excesso acaba por não estimular o desenvolvimento do paladar da criança. 

A fonoaudióloga Carla Deliberato faz um alerta para esse tipo de alimentação contínua e os prejuízos que ela pode causar. “A mistura dos nutrientes não permite que a criança sinta o gosto dos alimentos, o que naturalmente fará ela estranhar ao entrar em contato com determinados alimentos na fase de desenvolvimento mais a frente. A questão é que, de fato, isso pode trazer alguns prejuízos”, explica ela.

O primeiro ponto é o próprio paladar. Segunda ela, a pessoa pode desenvolver dificuldades com sabor e até textura da comida. “Podemos ver isso claramente no processo de transição alimentar. A criança que estava habituada a comer  sopa por muito tempo passa a resistir mais quando ocorre a introdução dos pedaços de alimentos.”

Outro prejuízo que a especialista alerta é o adiamento no desenvolvimento do processo de mastigação. “A criança pode adiar o exercício de mastigação, demorando um pouco mais para desenvolver essa habilidade. E esse ponto é mais sério, pois as vezes acaba envolvendo ajuda de especialista”.

Para Carla, dois fatores contribuem e muito para a permanência da sopa por um longo período no cardápio: medo dos pais que a criança engasgue com outros alimentos e até mesmo praticidade de unir todos os nutrientes em uma única opção.

Uma alternativa para os pais que não querem optar pelos alimentos em pedaço é nos primeiros anos de vida justamente produzir uma alimentação mais pastosa, mas separada por sabor, como purê de batata, feijão amassado,  entre outras opções. “Essas pequenas experiências auxiliam o desenvolvimento do paladar da criança”. Outra sugestão é dar pedaços de alimentos bem pequenos, cozidos e macios, como uma batata cozida, por exemplo, para estimular os primeiros movimentos mastigatórios. Aos poucos, a criança exercita ambos aspectos, necessários e fundamentais para o seu aprendizado alimentar.

Independentemente da abordagem de introdução alimentar que a mãe escolher, a especialista reforça que a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que isso seja feito a partir dos 6 meses de vida do bebê.

Sobre Dra. Carla Deliberato
Fonoaudióloga | CRFa2-13919
www.fonocarladeliberato.com

Carla Deliberato é fonoaudióloga formada pela PUC-SP desde 2003, com vasta experiência em atendimento clínico, hospitalar e domiciliar de pacientes com dificuldades alimentares (disfagia, recusa alimentar e seletividade alimentar), sequelas neurológicas e oncológicas do câncer de cabeça e pescoço, síndromes, além de atuação em comunicação alternativa e voz.

Tem passagem pelo Instituto do Desenvolvimento Infantil, Clínica Sainte Marie, Hospital Israelita Albert Einstein, Associação de Valorização e Promoção do Excepcional (AVAPE), Associação para Deficientes da Áudio-Visão (ADefAV), Unidade de Vivência e Terapia (UVT), entre outras instituições.

Se tornou especialista em recusa e seletividade alimentar por conta da maternidade, ao descobrir que a segunda filha, a Isabela, tinha resistência aos alimentos, além de sofrer com ânsias resultantes das tentativas de inserção dos alimentos.

Fonoaudióloga Carla Deliberato. Foto: Divulgação

Fonte: Assessoria