Dilceu Sperafico. Foto: José Fernando Ogura/AEN

Por Dilceu Sperafico*

Mais uma prova do envelhecimento da população brasileira está na idade do eleitorado. Conforme o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a porcentagem de eleitores com 60 anos ou mais neste ano é a maior já registrada pelo órgão. Em 1994, primeira eleição presidencial com dados de faixa etária contabilizados pelo TSE, os idosos representavam 11.6% dos eleitores aptos a votar e em 2022 são 21%.

Resta saber agora qual será o percentual de maiores de 70 anos que irão votar no pleito deste ano, já que seu comparecimento às urnas é opcional, a exemplo de jovens de 16 e 17 anos. Os cidadãos aptos a votar com 45 a 59 anos também atingiram seu maior nível na eleição deste ano, chegando a 24,5% do eleitorado brasileiro. Na eleição de 1994, eram 18,4%.

Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia a Estatística (IBGE), ao longo da década de 2012 a 2021, a população brasileira mostrou grande tendência de envelhecimento, com queda na proporção de pessoas abaixo de 30 anos e aumento entre os grupos de mais idade. A proporção de pessoas com 60 anos ou mais aumentou de 11,3% para 14,7% entre 2012 e 2021. O número de brasileiros nessa faixa etária subiu de 22,3 milhões para 31,2 milhões, com alta de 39,8% na década.

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Na população mais jovem, um dos destaques foi o número de pessoas de 14 a 17 anos, que diminuiu de 14,1 milhões para 12,3 milhões no mesmo período. A baixa atingiu 12,7%. Segundo o IBGE, a proporção de pessoas abaixo de 30 anos recuou de 49,9% da população do País em 2012 para 43,9% em 2021.

No período, o número de brasileiros nessa faixa etária foi reduzido de 98,7 milhões para 93,4 milhões, com queda de 5,4%. No sentido contrário, a fatia com 30 anos ou mais subiu de 50,1% da população em 2012 para 56,1% em 2021. O grupo cresceu de 99,1 milhões para 119,3 milhões no mesmo intervalo, com avanço de 20,4%.

Os dados do IBGE integram a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) – Características Gerais dos Moradores de 2021. Conforme o estudo, ao longo da década analisada, a população total cresceu 7,6% no País, aumentando de 197,7 milhões para 212,7 milhões de pessoas entre 2012 e 2021. De acordo com o IBGE, as estimativas não levaram em consideração os efeitos da pandemia de Covid-19, que já provocou mais de 680 mil mortes no País desde 2020.

Todas essas projeções serão ajustadas após o Censo Demográfico 2022, cujo início da coleta de informações ocorreu em 1º de agosto, mas o IBGE informou que a incorporação dos efeitos da pandemia não deve alterar tendências já levantadas, como a do envelhecimento da população. Os brasileiros, portanto, a exemplo do que acontece no mundo inteiro, estão se tornando mais idosos, o que exige maior atenção de autoridades e familiares.

Na verdade, as mudanças das pessoas com o aumento da idade e o acúmulo de experiências e conhecimentos, chamam a atenção até mesmo de cientistas políticos, que alertam os responsáveis pela campanha de candidatos uma certa atenção para essa nova realidade de parte considerável do eleitorado, pois os idosos são mais críticos e criteriosos na avaliação de discursos e promessas.

Na prática, muitos dos eleitores com mais de 70 anos sequer comparecerão às sessões eleitorais, após decepção com muitos daqueles que obtiveram seu voto em pleitos anteriores, deixando de cumprir propostas e compromissos da campanha eleitoral.

*Dilceu Sperafico é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado.

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br