O pedido de socorro foi feito em uma farmácia durante a madrugada. Foto: Reprodução

Por Fernando Braga

Um caso de violência doméstica foi registrado na cidade de Toledo e levou o agressor para a cadeia, graças a uma atitude da mulher, que, com discrição, conseguiu pedir socorro em uma farmácia.

Um sinal identificador pode ser utilizado por mulheres para pedir ajuda, sobretudo em locais públicos. Basta fazer uma marca na palma da mão, como fez a mulher que entrou na farmácia, na madrugada desta segunda-feira (07). Fugindo da violência a que era submetida por seu marido, ela entrou, às 03 horas, em uma farmácia localizada na Rua Guarani, no Centro de Toledo, e mostrou para a pessoa que lhe atendeu o X que marcou na palma de mão. Dessa maneira, o atendente entendeu o que estava acontecendo e chamou a Polícia Militar, enquanto o marido agressor esperava a esposa dentro do carro em frente ao estabelecimento.

Quando os policiais chegaram, prenderam o marido e o levaram para a delegacia. A eles, a mulher relatou o que vinha sofrendo. Segundo ela, a violência era constante e o marido já havia a agredido fisicamente diversas vezes, além de praticar violência psicológica e ameaça-la de morte.

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Violência

A mulher contou que trabalha como massoterapeuta e que seu marido não queria que ela atendesse homens. Ela disse que recentemente chegou a atender um cliente e foi vítima de importunação sexual, pois o homem “queria algo a mais” com ela. Depois disso, seu marido começou a culpa-la pelo ocorrido, chamando-a de vagabunda e prostituta.

Na noite deste domingo (06), depois de ingerir bebida alcóolica, ele voltou a tocar no assunto, xingando e ofendendo a mulher. Os ataques e ofensas se estenderam e, temendo que algo pior pudesse acontecer a ela e a seu filho, ela resolveu buscar ajuda durante a madrugada desta segunda.

O socorro

Sob o pretexto de que precisava ir à farmácia comprar remédio, ela conseguiu driblar a vigilância do marido e pedir socorro. Quando os policiais chegaram, o agressor, identificado como S. P., estava dentro de um Renault Clio de cor vermelha. Ele recebeu voz de prisão, foi algemado e levado à 20ª SDP, sob as acusações de lesão corporal, violência doméstica e injúria. Depois de ouvido, ele deu entrada na Cadeia Pública de Toledo, onde se encontra.

Às vezes, as aparências enganam

Nas redes sociais, o casal transmite uma imagem de tranquilidade, evocando, muitas vezes, mensagens religiosas.

O homem, descrito no Boletim de Ocorrência, como violento, ciumento e possessivo, se apresenta perante a sociedade como ministro religioso.

Em algumas postagens nas redes sociais, ele divulga suas pregações e louvores.

Crime inafiançável

Os policiais ouvidos pela Gazeta de Toledo confirmaram que o S. P. deverá permanecer preso até a conclusão do inquérito, uma vez que a Lei Maria da Penha torna o crime de violência doméstica inafiançável. Depois, o resultado do inquérito será enviado ao Ministério Público, que deverá solicitar ao Poder Judiciário a abertura de ação penal para submeter o agressor a julgamento.

A vítima contou à equipe policial que nunca teve coragem de denunciar o marido, pois ele a ameaçava de morte, caso isso acontecesse. Apesar de o agressor estar preso, a mulher ainda teme, pois o homem já afirmou que se um dia fosse para a cadeia, a mataria assim que deixasse a prisão. Ela busca agora uma medida protetiva.

“Sinal Vermelho” vira Lei Municipal

Vale salientar que a forma utilizada pela mulher para pedir socorro, precisa ser difundida para que outras vítimas também a utilizem. O X marcado na palma da mão já vem sendo disseminado em várias partes do Brasil, e aqui em Toledo passou a constar em uma lei municipal, que denomina esse recurso como Sinal Vermelho contra a violência doméstica.

A Lei “R” Nº 103, de autoria do vereador Chumbinho Silva, entrou em vigor em dezembro de 2021, reconhecendo esse mecanismo como pedido de ajuda em locais públicos e instruindo, entre outras coisas, que o receptor do sinal não cause constrangimento, não coloque a vítima em risco e tente evitar a fuga do agressor, até que a polícia chegue.

Conheça, no documento abaixo, a lei na íntegra: