Dilceu Sperafico. Foto: José Fernando Ogura/AEN

 Por Dilceu Sperafico*

A suinocultura brasileira está entre as mais produtivas, qualificadas e sustentáveis do mundo, especialmente no Oeste do Paraná, que concentra os maiores rebanhos, abates, volumes de produção, transformação e exportações do País, mas mesmo assim temos muito a aprender com as graves crises e experiências inovadoras de criadores de outras nações.  

Este é o caso da empresa chinesa Zhong Xin Kaiwei, da província de Hubei, que anunciou a conclusão da mais alta fazenda vertical para criação de suínos do mundo ainda no ano passado, contando com prédio de 26 andares, onde a produção foi iniciada oficialmente em setembro de 2021.

Conforme dirigentes da empresa, o edifício é a primeira fase de projeto de ampliação da criação de suínos na região, que começará com abate anual de 600 mil animais. Quando o complexo estiver concluído, a produção anual deve atingir 1,2 milhão de cabeças de suínos por ano, volume dezenas de vezes maior do que a capacidade da maioria das granjas “horizontais” tradicionais de províncias da China.

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Outras informações relevantes são também de empresas chinesas, muitas das quais de áreas tecnológicas, que participam desse empreendimento inovador na gestão e manejo de animais dentro de prédios, em diversas etapas. O modelo tem, entre outras curiosidades, elevador com capacidade para 40 toneladas, com área útil de 65 m² e que pode elevar ou descer entre andares do prédio, lotes de mais de 200 animais de cada vez.

O empreendimento é o mais alto da suinocultura, mas não é o maior da atividade na China ou no mundo. Outra grande empresa local, Muyuan Foods, iniciou em março do ano passado conjunto de 21 prédios para produção de suínos, esse sim o maior do planeta.

A nova unidade já opera em alguns dos prédios e é mais um exemplo do ritmo acelerado com que as granjas tecnificadas estão substituindo pequenas unidades na China, após surto de Peste Suína Africana. A unidade está sendo implantada na região de Nanyang e deverá abrigar 84 mil matrizes e produzir 2,1 milhões de suínos ao ano.

Segundo especialistas chineses, os suínos crescem bem em ambiente limpo e organizado, mesmo que elevados, de acordo com medidas de biossegurança. O modelo, desde 2019 adota amplo processo de inseminação artificial. As fazendas verticais oferecem condições para produção em grande escala, de forma segura, estável e eficiente, reduzindo a volatilidade da oferta de suínos para abate.

Planejadas para serem sustentáveis, as fazendas verticais chinesas prometem reduzir a poluição por gás e sonora, além de diminuir significativamente o impacto da produção de suínos entre moradores vizinhos, além garantir o bem-estar das criações.

As novas granjas-prédios da China possuem altíssimo padrão tecnológico e um exemplo disso está no reconhecimento facial de animais, através de visão computacional e automatização da maior parte dos processos produtivos, utilizando inteligência artificial no manejo e se tornando referência no enfrentamento de surtos da Peste Suína Africana.

A retomada da expansão da suinocultura da China, após forte impacto da temida enfermidade, tem chamado a atenção pela tecnologia aplicada pelos criadores, que unidos a consumidores chineses de cerca de 50 milhões de toneladas de carne suína por ano, lutam para reformular o controle de sanidade na cadeia produtiva e evitar novos surtos de doenças, como a Peste Suína Africana no país.

*Dilceu Sperafico é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado.

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br