Seca atinge a produção de soja em toda a região, como nessa lavoura em Maripá. Foto: Reprodução

A ministra Tereza Cristina estará no Oeste para analisar a situação crítica gerada pela estiagem nas região

Por Fernando Braga

A crise hídrica, provocada por uma das mais severas estiagens que já assolou o Sul do Brasil, somada ao excessivo calor registrado desde meados de 2019, tem provocado elevados prejuízos na agricultura paranaense e causado muitos transtornos, como presenciado em propriedades da região Oeste e de outras partes do Estado.

Entre as principais culturas atingidas pela intempérie climática no Paraná estão o milho, a soja e o feijão, que juntas, registram perdas em torno de R$ 24 bilhões, com tendência de aumento, segundo o Deral (Departamento de Economia Rural).

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No final de janeiro, quando os técnicos do Deral, que é um departamento vinculado à Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento), consolidarem os números, será possível dimensionar o prejuízo de forma mais concreta em todo o território paranaense. No entanto, o escritório da Seab em Toledo já produziu um relatório que demonstra os estragos na região.

Prejuízos em Toledo ultrapassam R$ 733 milhões

O escritório da Seab de Toledo, chefiado por Paulo Roberto Salesse, produziu o documento que amparou o prefeito Beto Lunitti na adesão ao Decreto Estadual nº 10.002, declarando a Situação de Emergência no Município, causada pela crise hídrica. O relatório confirma considerável perda de grãos em Toledo, mostrando perdas já consolidadas no plantio do Milho 2ª safra e do Trigo, conforme a tabela abaixo:

CulturaPrevisão inicial (toneladas)Previsão final (toneladas)Perdas (toneladas)Valores nominais
     
Milho 2ª safra360.000144.000216.000R$ 308.880.000,00
     
Trigo22.40011.90010.500R$ 15.330.000,00
     
TotalR$ 324.210.000,00

O relatório da Seab também mensura o prejuízo das culturas de Verão, na safra 2021/2022, que seguem em andamento, com as seguintes projeções de perdas:

CulturaPrevisão inicial (toneladas)Previsão final (toneladas)Perdas (toneladas)Valores nominais
     
Soja safra Verão265.620119.529146.091R$ 398.828.430,00
     
Milho safra Verão10.0002.7007.300R$ 10.463.276,00
     
Total   R$ 409.291.706,00

Situação de Emergência em toda a região

Enquanto as projeções indicam, até o momento, perdas em Toledo de 67% da produção de soja e de 72% da produção de milho, outros municípios da região registram marcas maiores.

O engenheiro agrônomo Carlo Eduardo Mathias, do escritório da Seab de Toledo, nos forneceu dados que mostram que a safra de Verão em outros municípios está percentualmente mais comprometida. Em Assis Chateaubriand, por exemplo, há a estimativa de 75% de perda da produção de soja, o que equivale a R$ 587,4 milhões, e de 85% para o milho, que corresponde a R$ 695 mil.

Já em Marechal Cândido Rondon, estima-se que as perdas nas lavouras de soja e de milho atinjam 85% da produção em ambas culturas, gerando um prejuízo de R$ 296,6 milhões com a soja e R$ 5 milhões com o cultivo de milho.

Na semana passada, os prefeitos dessas duas cidades, respectivamente Valter Aparecido Souza Correia e Márcio Rauber, também declararam Situação de Emergência em seus municípios, assim como ocorreu em Maripá, em Quatro Pontes e em outros da região.

Os técnicos da Seab fizeram apenas o levantamento referente a safra de Verão das culturas de soja e milho, mas salientam que a estiagem prolongada e as altas temperaturas geraram grandes prejuízos em todo setor agrícola da nossa região.

Para conferir os estragos nas lavouras e os prejuízos para os agricultores, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, virá à região Oeste do Paraná, uma das áreas mais atingidas pela crise. O objetivo da viagem é analisar a situação crítica gerada pela estiagem nas propriedades locais e apresentar medidas de apoio aos agricultores.

Tereza Cristina visita região Oeste

Nesta segunda-feira (10), a ministra participou de uma reunião em Brasília para novamente debater questões relacionadas aos impactos provocados pela seca nos estados da região Sul e no Mato Grosso do Sul (uma outra reunião já havia sido realizada no início do mês para tratar desse tema).

Diante do atual cenário, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento avalia a possibilidade de intermediar com as instituições financeiras a prorrogação do pagamento das dívidas dos produtores dos Estados afetados, além de elaborar um estudo de apoio de crédito adicional a esses produtores.

Para conferir de perto os danos decorrentes da estiagem, a Ministra Tereza Cristina irá percorrer nesta semana algumas das regiões atingidas. No dia 12, a ministra estará na região de Santo Ângelo (RS) e Chapecó (SC). No dia 13, serão visitadas propriedades em Cascavel, no Oeste paranaense, e em Ponta Porã (MS).

A previsão é de sua chegada ao Aeroporto de Cascavel às 08h desta quinta. Na programação, está marcada uma visita a algumas propriedades no período da manhã e uma reunião com as lideranças da região, no período da tarde, no Sindicato Rural de Cascavel.

Embora remota, há uma pequena chance de a comitiva também visitar propriedades rurais nas cidades de Toledo e Assis Chateaubriand. A agenda da ministra foi confirmada à Gazeta de Toledo pelo Ministério da Agricultura, e ela deverá estar acompanhada pelo presidente da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e por representantes da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Além da comitiva do Mapa, o secretário da Seab, Norberto Ortigara, também confirmou à nossa Redação sua vinda à região para se encontrar com Tereza Cristina e acompanhar as visitas às propriedades rurais.