Na vida de fé há momentos decisivos de escolha. Precisamos discernir se queremos continuar ou tomar uma outra estrada ou fazer outra escolha. A Bíblia contém páginas densas sobre estas alternativas e escolhas que muitas vezes dividem a história em duas: um antes e um depois. As leituras de hoje (22/08) apresentam dois momentos deste tipo: o primeiro se refere a Israel (primeira leitura) que deve escolher a quem servir. O segundo diz respeito aos doze apóstolos que, em um momento de crise profunda no ministério de Jesus, devem escolher ficar com Ele ou abandoná-lo.

No Evangelho (Jo 6,60-69) estamos às vésperas do discurso do pão da vida. Hoje quem murmura são os apóstolos. Há no ar um sentimento de derrota e Jesus não alivia a situação, nem mesmo no jeito de falar; Ele não busca a aprovação, a realização da Palavra não está relacionada ao consenso, mas à fidelidade.

Diante dos discípulos chocados Jesus fala da sua “ascensão”, que no Evangelho de João indica a “morte na cruz”. Diante da cruz os discípulos devem manifestar sua fé (adesão a Jesus) ou abandoná-lo: para alguns a cruz é maldição, para outros salvação.

Muitos discípulos voltaram atrás, não tiveram a coragem de aceitar a proposta de Jesus. Diante disso, Jesus pergunta aos Doze se eles também querem deixá-lo. Simão Pedro faz então sua profissão de fé em nome dos que querem continuar com Jesus. É uma resposta que brota do Espírito. Também nós, precisamos diariamente renovar nossa fé no “pão descido do céu”, assumir com Ele o caminho da cruz que nos conduzirá à ressurreição. A maturidade de nossa fé é alcançada quando afirmamos com São Pedro: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.

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A vida de fé se concretiza na profunda relação dos discípulos com “Aquele que é”. “Eu sou o pão da vida”. Crer e conhecer são dois verbos que exprimem a relação com Deus, por causa dele estamos dispostos a entregar a própria vida. A relação entre Jesus e o Pai reflete na fé dos discípulos.

Por isso os Doze Apóstolos permaneceram com Jesus e, através de Pedro, afirmaram a sua fé nele. Os apóstolos estão convencidos de que somente Ele tem palavras de vida eterna. Eles representam todos os que estão dispostos a dedicar a vida ao serviço do Reino de Deus. Eles ensinam a viver a verdadeira fé, que consiste em uma relação existencial com o Senhor que leva a construir relação novas de justiça e fraternidade entre todos.

Neste 4º domingo de agosto celebramos a vocação de todos os leigos e leigas que, entre família e afazeres, dedicam-se aos trabalhos pastorais e também missionários, conscientes do chamado de Deus a participar ativamente da Igreja. Eles são fiéis colaboradores dos sacerdotes na catequese, na liturgia, nos ministérios de música, nas obras de caridade e nas diversas pastorais existentes. Por isso deixamos aqui um grande agradecimento a todos que fazem de nossa Diocese um espaço de evangelização e de encontro com Deus buscando um mundo melhor para todos.

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo